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Eterno visionario, E adorador do Sol... Creio que no Calvario Cantaste, rouxinol! Foste-te, ó luz das solidões amenas! Ó grandes olhos tristes, ideaes! Partiste, casta pomba d'alvas pennas, Em procura dos lucidos pombaes! Tu estás hoje entre as hervas e as poeiras, Ou cheia de celestes claridades! Ó doce irmã das rolas companheiras! Por ti ouço chorar as larangeiras!

D'entre os males crueis da Humanidade, A que os vis animaes estão sujeitos, Nenhum mais triste e cheio de defeitos... Do que a dura e imbecil senilidade! N'esta quadra de prantos e saudade, Ha velhos d'alvas barbas sobre os peitos, Que nos fazem lembrar, pelos seus geitos, Orang-otangos de provecta edade.

Talvez, no dia em que baixaste Á terra, para ver a tua obra Vestido d'alvas vestes como pratas, Fosse eu, cobarde! a pequenina cobra Occulta entre jasmins que te mordeu... Quando ias a colher algum... de sobra! Outrora o sol ardia no alto céu, Pediste sombra á arvore n'um monte Que ergueu a rama e essa arvore... era eu! Quando o sol caía, á tarde, no horisonte, Todo vermelho como agora, vêde!

E a virgem d'alvas vestes transpoz o limiar do seu asylo, encostou a fronte incendida ao braço tremulo do senhor de sua alma, e foi! Anjo d'Amarante, porque assim te despenhas da tua angelica miryade? Flôr do Tamega, que nortada rija te desarreigou da balsa? E a lua passava no céo, velada e triste, como a Niobe antiga.

Foste-te luz das solidões amenas! Ó grandes olhos trístes divinaes!... Partiste, casta pomba d'alvas pennas Em procura dos lucidos pombaes! N'um paiz longe, secreto, Lendaria ilha affastada, Jaz todo o dia sentada N'um throno de marmor preto. No seu palacio esculpido Não entram constellações; Os tectos dos seus sallões São todos d'ouro polido!

E ja que a lingua nisto fica pronta, Consenti que a minha Ecloga se conte, Em quanto Apollo as vossas cousas conta. No cume do Parnaso, duro monte, De sylvestre arvoredo rodeado, Nasce huma crystallina e clara fonte, Donde hum manso ribeiro derivado, Por cima d'alvas pedras mansamente Vai correndo suave e socegado.

Ó seculo de ferro! ó geração escrava! que ouves Satan ladrar na noute do Evangelho, no teu sollo do Mal, sobre teu sollo em lava, cae a agua do ceu como n'um poço velho! Sim a agua do ceu que faz viver a flôr mal que no poço cae transforma-se na lama! Ó seculo de ferro, ó seculo de horror, que fazes tu da Voz, que em teu deserto clama? Que fazes tu da Voz que ouço passar nos ventos, prégando a Negação, n'um funebre arrepio, que ouço clamar na noute em uivos e em lamentos como um ladrar feroz de ruivo cão sombrio? Que fazes tu da Voz dos teus prophetas santos que dão prantos de sangue ás tuas vexações, e do carro de fogo arrojam os seus mantos que arrastam á Revolta o mar das multidões? Que fazes tu? Tu ris! Tu vaes como a rameira vender teu deus, teu ceu, tua honra ao lupanar. A Justiça tornou-se em velha alcoviteira. A Egreja ri na orgia, e Christo deixa o Altar! O Desespero crú esparge o seu veneno na taça d'ouro e onyx das jovens illusões. O Odio faz ouvir o seu terrivel threno. O Mal com a tenaz aperta os corações! A virginal Poesia, a virgem d'alvas vestes ergue aos ceus suas mãos, brancas como o alabastro. Traz a Lyra na mão vestida de cyprestes. Seu santo coração flameja como um astro! ella faz ouvir n'um seculo corrupto sua Lyra de bronze ao temporal da Sorte! ella faz ouvir seu alaúde em luto que notas crueis de Maldição e Morte.

Os remos, sulcando a agua, erguendo-se e recaindo de novo, pareciam arrancar do seio do rio as palhetas luminosas com que o matizava a lua, e que depois lhe devolviam n'uma chuva d'alvas perolas.

Gritando que me acudam, em voz rouca, Eu, naufraga da Vida, ando a morrer! A Vida que ao nascer enfeita e touca D'alvas rosas, a fronte da mulher, Na minha fronte mística de louca Martírios poisou a emurchecer! E dizem que sou nova... A mocidade Estará , então, na nossa idade, Ou está em nós e em nosso peito mora?!...