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Chegão as horas Marilia, Em que o Sol se tem posto, Vem-me á memoria que nellas Via á janella o teu rosto: Reclino na mão a face E entro de novo a chorar. Diz-me Cupido: basta, basta, Dirceo, de pranto; Em obsequio de Marilia Vai erguer teu doce canto. Pendem as fontes dos olhos, Mas eu sempre vou cantar.

E das que finas mais erão as côres, Brancas, roxas, as Nymphas mais colhião. Ja guiavão seus gados os pastores, Que, deixando-os no campo deleitoso, Com ellas praticavão d'amores. Mas era esta alegria hum perigoso Estado para Almeno entristecido; E por isso a deixava pressuroso, Buscando outro lugar: contra Cupido Claramente exclamava, e o arguia De contrário, d'astuto e fementido.

E deſtas brandas moſtras comouido, Que mouerão de hum Tigre o ptito duro, Co vulto alegre, qual do Ceo ſubido, Torna ſereno & claro o ar eſcuro. As lagrimas lhe alimpa, & acendido Na façe a beija, & abraça o colo puro. De modo que dali, ſe ſo ſe achara, Outro nouo Cupido ſe gerara.

Sim, Marilia, a copia he tua, Que Cupido he Deos supposto: Se ha Cupido he teu rosto, Que elle foi quem me venceo. De amar, minha Marilia, a formosura Não se podem livrar humanos peitos. Adorão os Heróes, e os mesmos brutos Aos grilhões de Cupido estão sujeitos. Quem, Marilia, despreza huma belleza, A luz da razão precisa, E se tem discurso, pisa A Lei, que lhe ditou a Natureza.

Essa, que o Egypto Sábia modera, De Marco impera No coração; Mas Octavio Não sente a força Do seu grilhão. Ah! vem, ó bella, E o teu querido Ao Deos Cupido Louvores dar; Pois faz que todos Com igual sorte Do tempo, e morte Possão zombar: Tu por formosa, E elle, Marilia, Por te cantar. Mas ai! Marilia, Que de hum amante, Por mais que cante, Gloria não vem!

E celebrado em triste e longo canto, Se morrestes nas mãos do fero Marte, Na memoria das gentes vivireis. N'hum jardim adornado de verdura, Que esmaltavão por cima várias flores, Entrou hum dia a deosa dos amores, Com a deosa da caça e da espessura. Perguntão a Cupido, que alli estava, Qual de aquellas tres flores tomaria Por mais suave e pura, e mais formosa.

Ámanhã, mais socegado e claro de recordações, direi o que se seguiu. P.S. Uma circumstancia que póde esclarecer sobre a rua e o sitio da casa: De noite senti passarem duas pessoas, uma tocando guitarra, outra cantando o fado. Devia ser meia noite. O que cantava dizia esta quadra: Escrevi uma carta a Cupido A mandar-lhe perguntar Se um coração offendido... Não me lembra o resto.

Cupido, que a vio de longe, Contente ao lugar corrêo; Cuidando que era Marilia Na face hum beijo lhe dêo. Acorda Venus irada: Amor a conhece; e então Da ousadia, que teve, Assim lhe pede o perdão: Foi facil, ó Mãe formosa, Foi facil o engano meu; Que o semblante de Marilia He todo o semblante teu. Minha Marilia, Se tens belleza, Da natureza He hum favor.

Manoel Pires retirou-se com os acicates do seu deus Cupido cravados n'alma, e foi, a toda a pressa, aviar duas tisanas, e quatro causticos para a numerosa clinica que o esperava. Sem exageração, este pharmaceutico era uma pilula de Holloway viva! Resumia todas as virtudes da revalenta arabica.

As violencias e as luctas intestinas entre estes senhores eram constantes e traduziam-lhes o caracter audacioso e cupido; o amor pelas aventuras e o desejo ardente do poder arremessavam-n'os uns sobre os outros, impondo-se reciprocamente pelo direito da força n'uma sociedade, onde eram mal reconhecidos pelos fortes e poderosos os principios do direito e os dictames da justiça.