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ElRei D. Diniz maravilhado destas roturas, e sem razões delRei D. Sancho, desejando todavia com elle paaz, e por nom virem ha maiores danos, rompimentos, lhe enviou por algumas vezes requerer assi ha entregua de seus Luguares, que contra direito lhe tinha tomados, como emenda dos outros danos, e perdas e tomadias que em seus Reinos vassallos, e fazendas delles contra ho assento de sua paaz tinha recebidas, e assi que comprisse ho cazamento de seu filho com ha Ifante Dona Costança como tinha assentado, sobre ho que lhe enviou por seus embaixadores, e Procuradores ho Bispo de Lixboa, e Joaõ Simaõ Meirinho moor, que na Corte delRei D. Sancho andavaõ sem algum despacho detidos.

E com grandes palauras lhe offereçe, Tudo o que de ſeus Reinos lhe compriſſe, E que ſe mantimento lhe falleçe, Como ſe proprio foſſe lho pediſſe: Diz lhe mais, que por fama bem conheçe A gente Luſitana, ſem que a viſſe. Que ja ouuio dizer, que noutra terra Com gente de ſua ley tiueſſe guerra.

E o concerto que El-Rei fez com os Mouros foi, que elles Mouros da Villa lhe fizessem, dessem e pagassem juntamente aquelle mesmo foro, e serviço, e todalas outras cousas, que faziam, e pagavam ao seu Rei Amiramolim, e que com elles ficassem todas suas cazas, vinhas, e Cidades assi como dantes as tinham, e que El-Rei os amparasse, e deffendesse assi de Mouros como de quaesquer outras gentes, e nações, que lhe mal, e nojos quizessem fazer, e que aquelles que para alguns Lugares de Mouros se quizessem ir, que livremente com todas suas cousas o podessem fazer, e andassem com El-Rei quando lhe comprisse, e que lhe fizesse por esso bem, e mercê.

Como El-Rei de Portugal foi em posse pacifica, o Mestre Dom Payo Correa se tornou a seu Mestrado, e deu conta a El-Rei Dom Affonso de Castella de todo o que era passado, o qual para mais firmeza, e maior seguridade das condições com que a El-Rei seu genro fizera sua doação do Algarve, houve por bem, que o dito seu genro as prometesse, e segurasse com menagem, e juramento em sua propria pessoa, para que o dito Rei Dom Affonso de Castella enviou a Portugal com seu poder abastante ao Ifante D. Luis seu irmão, que diceram de Pontes, filho del-Rei Dom Fernando, e da Rainha Dona Joana sua segunda molher, filha do Conde Dom Simão de Pontes, e sobrinha del-Rei Dom Luis de França, o qual álem de tomar del-Rei de Portugal todas as seguridades conforme as condições de sua doação, ainda o dito Ifante para maior seguridade, e mais honesta escuza del-Rei D. Affonso de Castella, para os de seu Reino, que o reprendiam, e acuzavam por tal doação, quiz que todas estas Villas e Castellos fossem, como foram logo entregues a João de Boim, e Pedro Annes, seu filho, Vassallos e naturaes del-Rei de Portugal, que eram pessoas de limpo e nobre sangue de grandes cazas, para que por elles os tivessem de fieldade com menagem de juramento que fizeram, que quando el-Rei de Portugal não comprisse a condição dos cincoenta Cavalleiros, que a El-Rei de Castella em sua vida havia de dar, que elles com suas pessoas, e com as ditas Villas e Castellos servissem a El-Rei de Castella, e comprissem inteiramente tudo o que El-Rei de Portugal era neste cazo obrigado a cumprir.

O noſſo Capitão eſclarecido A verte, ou a ſeruirte, porque viſſe Ou ſoſpeitaſſe em ti peito fingido: Mas ſaberas que o fez porque compriſſe, O regimento em tudo obedecido, De ſeu Rei, que lhe manda que nam ſaia, Deixando a frota, em nenhũ porto, ou praia.

Ante que ElRei partisse da Guarda, chegou ha elle Diogo Garcia de Toledo, Cavalleiro da Caza delRei D. Fernando, e com elle dous seus escudeiros com has fraldas das capas cheias de chaves daquellas Villas, e Castellos por onde ElRei D. Fernando foi certificado que seria a ida e vinda delRei D. Diniz, e nellas lhe fazer prestes has pouzadas, mantimentos, e couzas que ha elle, e ha suas gentes comprisse, e mais entregar-lhe aquellas chaves, que eram das Villas, e Castellos por onde avia de passar pera nellas pouzar, e fazer dellas livremente todo ho que quizesse, como de suas proprias.

Com esta tamanha necessidade enviou a pedir ajuda a El-Rei Dom Affonso seu genro, que por em tempo de tanta fortuna ser agardecido ás boas obras, e graças que delle tinha recebidas, lhe mandou trezentos Cavalleiros Portuguezes pagos á sua custa por muito tempo, que por honra, e serviço del-Rei o fizeram de maneira em Castella, que sua fama, e bom nome será sempre lembrada, e as Coronicas Despanha, que eu vi dão desso craro testemunho, e destes trezentos Cavalleiros de Portugal, que vieram, e andaram em serviço del-Rei Dom Affonso, creo que se tomou a opinião errada, que em alguns livros vi, em que tem, que a obrigação de que este Rei Dom Affonso relevou a El-Rei de Portugal seu genro, e a El-Rei Dom Diniz seu neto, era de trezentos Cavalleiros com que era obrigado de o ajudar, e servir quando lhe comprisse, a tal sentença, e opinião são errados, porque a obrigação, que El-Rei Dom Affonso, e Ifante Dom Diniz seu filho tomaram por a sobcessão do Algarve, do que foram relevados, era sómente de cincoenta Cavalleiros, que em vida del-Rei Dom Affonso de Castella, contra todolos Reis Despanha lhe haviam de dar, e a verdade desto eu Coronista verdadeiramente a vi nas proprias doações, quitações, e privilegios assellados, e auctorizados, que sobresso se concederam, os quais estão no Castello de Lisboa, na Torre do Tombo de Portugal, de que eu sou Guarda mór, e outros semelhantes deve haver nos Cartorios de Castella.