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Foi vestir-se; tirou do guarda-roupa o traje mais elegante que trouxera de Londres. A gravata era um problema; as mulheres attentam em todas estas frivolidades e é necessario satisfazer-lhes o espirito. Luvas, sapatos, meias, bengala, outros tantos pontos a resolver e que Claudio considerou um a um, experimentando e observando, em frente do espelho. Saiu de casa proximo das tres horas.

Para alliviar o enfado de Laura, começaram a reunir-se á noite em casa de Claudio os antigos frequentadores do palacio dos Albuquerques.

Sob a meiguice de Laura, nos momentos em que o seu dominio se traduzia acariciando aquelle que era amado por ser objecto da sua posse, Claudio recuperáva animo. Não! errava; as exigencias da esposa eram as exigencias do dever. Precisava banir da alma os derradeiros impulsos do egoismo, abdicar de toda a liberdade, viver e unicamente para a sua familia. Que lhe importava o resto?

Um dia, um domingo, tinha chovido de manhã, e de tarde o prefeito mandou-os vestir para sairem; estava uma tarde calma, o ar carregado, os caminhos cobertos de lama. Claudio vestiu o fato preto e calçou os sapatos novos para se mostrar aos companheiros em trajos ricos. Para que anda o menino a estragar esse fato? perguntou o prefeito. Tinha frio, respondeu Claudio.

As Silvas caminhavam adeante, fazendo gala da sua robustez e rindo-se do Carvalho e do Maia que queriam acompanhal-as e se confessavam cansados; atraz, a larga distancia, seguiam Claudio com Emilia e a mulher do Carvalho. Sangue quente! dizia Claudio apontando os que iam á frente. O sr. dr. Carvalho é que parece um rapaz, alegre e ligeiro... Foi sempre assim, respondeu a mulher do doutor.

Com tanto que estivesse de bem com a minha consciencia... Bravo, bravo! exclamava o doutor, sonhando aventuras. Gosto de gente assim. Claudio tinha-se levantado e, apoz elle, toda a companhia. Eram horas do almoço. Voltaram á casa do cantoneiro, seguindo o mesmo caminho por que tinham vindo.

Aos sabbados era a reunião em casa do dr. Carvalho. Claudio nunca faltava. Dispunha sempre as suas cousas de modo a que estivesse livre n'essas noites. Emilia pedia-lhe singelamente que não faltasse e elle queria mostrar-lhe que nunca esquecia os seus desejos.

Claudio entreabriu os olhos, quiz afagal-o, levantou ligeiramente o braço, e a mão rolou pela cabeça do velho, caindo novamente, quasi inerte, sobre o leito. Foi o seu ultimo movimento consciente. Depois não se sentiu mais que um estertoroso arfar. Pela manhã, abriram a janella, cuidando que a frescura do ar alliviaria a agonia.

A creancita, voltando-se no ar, soltava um grito agudo e o homem recebia-a nos braços. Claudio voltou-se constrangido, para não presencear este quadro de miseria, e, ao lado d'elle, uma rapariga do povo, que era linda, voltou as costas tambem. Credo, Virgem Nossa Senhora, nem quero vêr! disse ella. Eu tambem não gósto, respondeu Claudio.

Oh! pelo amor de Deus, minha senhora, não diga mais, que blasphemias!... Muito prazer, fico muito reconhecido a v. ex.as. Encaminharam-se, atravez da linha, para a carruagem, que era um vasto landau tirado por dois possantes cavallos, e Claudio sentou-se em frente de Emilia e do marido. Apenas sairam da estação, a conversa reatou-se no tom de banal animação em que a vimos começada.