United States or Chad ? Vote for the TOP Country of the Week !


Fui tranquilizar a condessa. Eram tres horas da noite. Havia temporal, e eu sentia quebrar o mar nas rochas da bahia. Tudo dormia em Clarence-Hotel. Agora nós! disse eu. E dirigi-me ao quarto de Carmen. Havia luz. Abri a porta, corri o reposteiro, entrei. A luz era frouxa, desmaiada. Ao principio não distingui ninguem e ouvi apenas soluçar.

Eu tinha ido com Rytmel para junto da varanda, e emquanto a pequena melodia soava nas cordas do violoncello, lembravam-me as antigas cousas do meu amor, o Ceylão, as noites silenciosas em que elle me jurava a verdade da sua paixão e a voz do mar parecia uma affirmação infinita; lembravam-me os terraços de Malta batidos da lua, as moitas de rosas de Clarence-Hotel, os prados suaves de Ville d'Avray; via-o ferido, pallido sobre as suas almofadas; via-o a bordo do Romantic, commandando as manobras da fuga, chorando os desastres do amor... E estas memorias emballavam-se no meu cerebro, confundidas com as melodias do violoncello.

Sabia bem a quem pertencia o punhal indio achado nas moitas de buxo. Comprehendia a commoção de Carmen, quando eu a surprehendera ali, no jardim, embuçada n'um burnous, esperando. E comprehendia desgraçadamente a que quarto se dirigiam os passos de Rytmel dentro do jardim de Clarence-Hotel. Era, pois, necessario encobrir aquella aventura.

Carmen, irritada, não vivendo nas relações de ladies, não a encontrando, como nos sete metros do tombadilho do paquete, sob a acção dos seus largos gestos e das suas asperas ironias, desforrava-se á mesa de Clarence-Hotel, envolvendo indirectamente Rytmel em toda a sorte de allusões e de palavras causticas. A sua ultima tactica era instigar sempre Mr.

Desde o primeiro dia, Rytmel e alguns officiaes iam jantar a Clarence-Hotel. A condessa comia sempre nos seus quartos. O ruido, a petulancia da mesa, era Carmen. Deixara-se logo seguir sempre por um rapaz francez, espirituoso e ligeiro, louro e ardente, um Mr. Perny, viajante por tedio, dizia elle. Carmen não se approximava de Rytmel. Havia entre elles como uma separação combinada e discreta.

Ella alli ficava morta. Encheu-me o peito uma longa saudade. Lembrava-me d'ella, dançando no convez do Ceylão, rindo á mesa de Clarence-Hotel. Tudo tinha acabado. Nunca mais! nunca mais! Alli ficava com uma bala aos pés! O vento refrescou. Vento d'Eeste! disse o marinheiro de quarto. Vem de Malta... pensei eu. E as minhas ultimas lagrimas cairam sobre o mar...

Uma occasião, ao sair de casa d'elle, onde tinha perdido algumas duzias de libras, recolhia eu a Clarence-Hotel levemente irritado, e sentindo um prazer excentrico em cantar o fado pela ruas de Malta, a mil legoas do Bairro Alto. O pavilhão que nós habitavamos em Clarence-Hotel dava sobre um jardim todo escuro d'arvores e de moitas de flôres. Ordinariamente o conde e eu entravamos pelo jardim.

Desembarcámos: fomos para Clarence Hotel, na Strada-Reale, defronte da celebre igreja de S. João. Rytmel hospedou-se em casa dos officiaes inglezes. D. Nicazio e Carmen vieram para Clarence-Hotel, tambem.

Vejo-o d'aqui a sorrir... Não se admire de me ver fallar assim. Lembra-se d'aquellas conversações tão intimas e tão sérias na rua de...? Lembra-se do terraço de Clarence-Hotel, em Malta, quando a lua silenciosa cobria o mar? Não se recorda das minhas idéas então e d'aquellas imaginações que eu denominava gloriosamente os meus systemas? Não se lembra que me chammava então philosopho loiro?

Palavra Do Dia

stuart

Outros Procurando