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Fóra ventava forte, e a chuva, fustigando friamente as vidraças, dava-lhe appetites de confortos, um bom lume, o marido ao lado, o pequerrucho a dormir no berço porque seria um rapaz, chamar-se-hia Carlos e teria os olhos negros do padre Amaro.

Era de tarde. Tinham dado cinco horas, e o dia declinava rapidamente. O mez de maio do anno 1808, anno assignalado de successos estrondosos na peninsula, acabava, como tinha corrido quasi todo, entre diluvios de chuva e ventanias.

As lagrimas rolavam pela sua face, tristes como a chuva por um muro em ruinas. E a minha piedade foi grande por aquelle Rapsodo das ilhas da Grecia, perdido tambem na dura cidade dos judeus, envolto pela influencia sinistra d'um Deus alheio! Dei-lhe a minha derradeira moeda de prata.

E sentia-se bem, afinal. Tendo voltado ao hotel, e agora reclinado molemente numa poltrona modesta do seu quarto, o desabusado morgado de Mosteirô repassava mentalmente o seu expatriamento voluntário e iludia o tempo numa saborida evocação retrospectiva de gratas lembranças, de projectos, de sonhos, de scenas vividas, de prazeres, de desejos suspensos. Primeiro a Pátria; mas o intervalo ainda curto do seu distanciamento e o torvelinho de ineditismos ofuscantes que, desde a partida, o vinham assediando, não permitiam que o vinco nostálgico por enquanto se afirmasse na vibratilidade demasiado inquieta da sua alma; depois, aqueles tantos dias de bordo, essa deliciosa bambocha de pequeninas audácias, desilusões, surprêsas, flirts, intrigas, tédios e ridículos de raiva que era brisas e de gozos que eram espuma, correra-lhe um pano de olvído sôbre o passado; entre o que êle fôra, e o que era, haviam marcado uma eternidade e cavado um infinito. De Portugal, agora, queria saber! Apenas recordava, num desdêm superior, que aquilo devia ser uma maçada, com os carbonários a ditarem a lei, os conventos feitos quarteis, os novos sem religião, os vélhos sem garantias, e uma mania de escolas por tôda a parte, tudo muito malcriado e ninguêm conhecido. A seguir, recordou vagamente os dois irmãos. O que fariam êles?... Ainda o mais vélho, o José, advogadote rábula e manhoso, saberia tirar proveito dos conflitos jurídicos que, com a Rèpública, eram agora bastos como os cogumelos depois da chuva; mas o Bernardo, o mais moço, um pateta feito agrónomo

Os vestidos de Laura occupavam duas grandes caixas, tendo-se contado com todas as hypotheses, os theatros, os bailes, as visitas, os passeios, a chuva, o sol, o frio, a humidade e o calor. As bagagens de Claudio tambem não eram pequenas.

Começou então a cahir uma corda de chuva, que nem moços nem velhos se lembravam de ter visto cousa semelhante em nenhuma parte.

Fins d'abril, em plena primavera que, depois d'uma pequena quadra de chuva, decorria garbosa e sorridente como uma creança. Era uma noite serena e sem luar, apenas allumiada pela luz tibia das estrellas. Um socêgo religioso repousava sobre a aldeia, apezar da hora pouco adeantada da noite eram nove e meia.

Ha trezentos annos que isto se ensinou. Em Portugal, onde a chuva torrencial é um facto de quasi todos os invernos, onde a falta de agua potavel é um facto de quasi todos os verões, ainda ninguem aprendeu a construir a fonte de Palissy! Em Lisboa cairam alguns muros e desabaram algumas casas.

E pela serra fóra, caminho de casal remoto, vae o velho prior: adiante o sacristão com a lanterna e a ambula da extrema-unção, e elle atrás com o ciborio. As poças de agua reflectem essa debil claridade que as alumia, e fazem um continuo plach, plach, debaixo dos pés dos dous caminhantes, cujo passo apressam as cordas de chuva batida pelos furacões do sudoeste.

Imagine o vento que ruge, a chuva ou a neve fustigando as poucas vidraças que ainda restam no edificio; imagine essas orgias tempestuosas da natureza que passam por cima das lagrymas silenciosas das pobres cistercienses, e as horas eternas que batem na torre. Imagine tudo isto, e sentirá accender-se-lhe no animo uma indignação reconcentrada e inflexivel.