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Educada em casa do secretario de Estado Antonio de Cavide, entrou a 25 de março de 1650 no Mosteiro de Sancta Thereza de Jesus, das Carmelitas Descalças de Carnide, por ordem de el-rei seu pae a receber as instrucções da Madre Michaella Margarida de Sancta Anna, filha do imperador Mathias, e parenta do mesmo senhor rei D. João IV, fundadora do dito mosteiro de Carnide em 1612, sendo vinte e dois annos successivos priora.

De D. João IV respondeu serenamente o fidalgo. Veja, sr. marquez, que esse augusto nome não me colheu de assalto. Eu tinha-o suspeitado, logo que um meu criado me disse que Antonio de Cavide frequentava a casa da mulher perdida. Nos beiços de Domingos Leite crispava o que quer que fosse analogo a um sorriso, como se as dôres lancinantes da nevralgia facial lhe vibrassem os musculos labiaes.

Dois homens unicamente poderiam dominar o animo de D. João IV. Um, o mordomo-mór, rogou e foi seccamente desattendido; o outro é o alcofa do rei, Antonio Cavide, o secretario de estado, que me odeia, porque eu ousei censurar ao ouvido de quem me denunciou, que um ministro da sua polpa andasse negociando com as açafatas do paço os amores do seu rei.

Quem vinha a esta casa depois que eu me retirei? perguntou mais tranquillo Domingos Leite, abraçando, contra a opinião do criado, a hypothese do convento. Apenas aqui entrou trez vezes... Quem? O sr. Antonio de Cavide... Oh! exclamou o marido de Maria Isabel, arregaçando as palpebras, como se os olhos tumidos de terror ou ira não coubessem nas orbitas Que dizes tu?

Não sei mais nada, meu amo... Ah!.. outra coisa... depois que o Cavide aqui veio, as criadas disseram-me que a menina era açafata do paço... O que? açafata!?. Sim, meu senhor, e por signal todos começamos a tratar a menina por senhoria e dom, porque a mãe assim o ordenara ás criadas...

Tem v. s.ª rasão. confirmou Maria Isabel Pensei n'isso tudo que me disse, e estive duas horas a começar cartas e a rasgal-as, porque tudo me parecia máo... não sei como heide sahir d'este aperto!... Peço venia para lhe dar um conselho... disse Antonio Cavide, erguendo-se, aproximando-se d'ella mais á puridade, e abaixando o tom da voz. Faz-me v. s.ª um grande beneficio, se me aconselhar.

N'este lance grave, que as expressões do rei e a cara do valido tornavam ridiculo, o pagem disse por detraz do reposteiro que o moço da estribeira enviára dizer que a liteira das açafatas estava no pateo do norte. ! ordenou o rei ao secretario. Antonio Cavide entrou na sala, onde ficára Maria Isabel, e inclinando a cabeça, disse: Sigam-me vossas senhorias.

Ainda tem v. s.ª muito tempo. Eu voltarei mais tarde, ou mandarei um escudeiro procurar a carta remediou o secretario. Jesus! murmurou ella, com ademanes de afflicta. Que tem a sr.ª D. Maria? volveu Cavide. Não sei... não sei em que termos heide escrever a meu marido... Comprehendo o seu embaraço... que em verdade é justificadissimo.

Não obstante, esperae. Sahiu o rei, beijando outra vez Angela, e deteve-se breves minutos com o secretario, que sahiu a dar ordens a um pagem, que as foi transmittir a um moço da estribeira. Voltou Cavide outra vez á presença do amo. D. João IV, encaracolando o bigode louro, e palmeando na espaciosa fronte, clamava enthusiasta: Que mulher! que mulher!

A consternada senhora sahiu do gabinete do marquez, desattendendo os prudentes conselhos que tendiam a esperar alguns dias o resultado da intervenção de um ministro mais influente no real animo. O mordomo-mór lembrara-se de Antonio Cavide. Maria Isabel lembrara-se de D. João IV. Seguiu d'alli, com a filha, para o paço da Ribeira, e entrou no Arco de Ouro.