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O de Castro-d'Aire collou o ouvido á porta, e retirou-se acceleradamente, ouvindo o rumor da folhagem sêcca que Thereza vinha pizando.

Eu não digo nada; não me matem, que eu nem torno a ir para Castro-d'Aire exclamou o homem. Deixe-o ficar, João da Cruz... vamos embora... Isso! acudiu o ferrador chame-me João da Cruz, para este maroto ficar bem certo de que sou o João da Cruz!... Com effeito, não sei o que me parece v. s.^a querer deixar com vida um alma do diabo que lhe deu um tiro para o matar!

Generoso até ao perdão, o morgado de Castro-d'Aire, compondo o rosto com gesto grave e melancolico, dirigiu-se a Thereza, e pediu-lhe desculpa da frieza que elle disse ser como a das montanhas, que tem vulcões por dentro e neve por fóra.

Ir d'ali a Castro-d'Aire, e apunhalar o primo de Thereza na sua propria casa, foi o primeiro conselho, que lhe segredou a furia do odio. N'este proposito sahiu, alugou cavallo, e recolheu a vestir-se de jornada. preparado, a cada minuto de espera assomava-se em frenesis.

Na narrativa que fez ao academico omittiu ella as ameaças do primo Balthazar, clausula que, a ser transmittida, arrebataria de Coimbra o moço, em que sobejavam brios e ferocidade para mantêl-os. Mas não é esta ainda a carta que surprendeu Simão Botelho. Parecia bonançoso o ceo de Thereza. Seu pae não fallava em claustro, nem em casamento. Balthazar Coutinho voltára ao seu solar de Castro-d'Aire.

Que nos querem vocês? Quero saber o que tem que fazer n'este sitio. E vocês que fazem por ? Não admitto perguntas disse o de Castro-d'Aire, aventurando alguns passos vacilantes para a frente. Quero saber quem são. Mestre João disse ao ouvido do cunhado: Diz-lhe que se mais um passo que o arrebentas. O arreeiro repetiu a clausula, e Balthazar parou.

O quê? redarguiu o ferrador v. s.^a saberá muito, mas de justiça não sabe nada, e ha de perdoar o meu atrevimento. Basta uma testemunha para guiar a justiça na devassa. Ás duas por tres, uma testemunha de vista, e quatro de ouvir dizer, com o fidalgo de Castro-d'Aire a mexer os pausinhos, é forca certa, como dois e dois serem quatro.

Esta mansidão do fidalgo, cujo natural era bravio, tem a sua explicação no projecto de casar em breve a filha com seu primo Balthazar Coutinho, de Castro-d'Aire, senhor de casa, e egualmenle nobre da mesma prosapia. Cuidava o velho, presumpçoso conhecedor do coração das mulheres, que a brandura seria o mais seguro expediente para levar a filha ao esquecimento d'aquelle pueril amor a Simão.

Quando o arreeiro bateu á porta, Simão Botelho não pensava em matar o homem de Castro-d'Aire; mas resolvêra ir a Vizeu, entrar de noite, esconder-se e vêr Thereza. Faltava-lhe, porém, casa de confiança onde se occultasse. Nas estalagens, seria logo descoberto.

Tem o senhor João motivo para lhe ser grato, não ha duvida nenhuma. Agora faz favor de ouvir o mais. Eu antes de ser ferrador, fui criado de farda em casa do fidalgo de Castro-d'Aire, que é o senhor Balthazar. Conhece-o v. s.^a? Ora, se conhece!... Conheço de nome. Foi elle que me abonou dez moedas de ouro para me estabelecer; mas paguei-lh'as, Deus louvado.