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N'este baile, onde se vão dar algumas scenas do nosso «Conto», foram permittidas as caraças, tendo-se distribuido bilhetes, para os que assim quizessem conservar o incognito, por algum tempo, e animar a reunião com freneticas danças, e brinquedos innocentes. Desde a escada até ao ultimo salão, como nos terraços que, pela profusão de luzes, se não sentia a falta do dia.

Eu foi conduzido em mil oitocentos e quarenta como deputado para a casa das referidas Caracas: as lojas maçonicas dispunham do meu destino traiçoeiramente para dispor de minha vida, e vivi por mais de um anno na casa dos Poyaes de S. Bento com outros deputados, que serviam as lojas, e que me vendiam, e entregavam aos seus caprichos: por esta razão ouvi e aprendi o esboço d'esta negra historia; assim agora ouço e aprendo o seu complemento e torpissimo enredo.

Os discursos d'estas paginas antigas, a que sobejam por um lado os accessorios artificiaes da rhetorica e a que faltam por outro lado, com as opportunidades do momento em que foram concebidas, as condições de uma existencia necessaria e real, fazem-nos o effeito de armaduras primorosamente cinzeladas, mas suspensas em ripes de pinho, finos capacetes de viseiras caladas sobre caraças de papelão com verniz de cera côr de rosa e olhos de vidro.

O vadio das ruas de Lima, de Caracas ou de Buenos-Ayres nutre um soberano desprezo pelos juizos que a Europa possa formar das suas tragi-comedias politicas... Não tem consciencia de cousa alguma, a não ser do seu sangue castelhano... Sente decerto o inconveniente de ser expulso do credito e das bolsas da Europa... Mas avalia esta circumstancia apenas pelos embaraços momentaneos que ella lhe traz.

Eu sempre assisti á missa mais catholica de que tinha noticia, e não suspeitava em ninguem cavillação ou perfidia tão negra e atroz, que chegasse a ostentar falsa da diabolica e tenebrosa consciencia: agora sei que ha muitas d'estas embrutecidas consciencias, e não duvido que as duas Caracas fossem d'este hediondo esconjuro.

Não ha paiz no universo, onde se despreze mais, creio eu, o julgamento da Europa, que em Portugal: n'esse ponto somos como o vadio das ruas de Caracas, que o Times tão pittorescamente nos apresenta: porque eu chamo desdenhar a opinião da Europa não fazer nada para lhe merecer o respeito.

A infanta e todos os usurpadores da casa de Bragança, o governo e todos os seus clientes, a maçonaria e todos os seus agentes nacionaes e estrangeiros, ora armavam contra mim o braço do cruel Mattos Lobo, ora forjavam ou fingiam revoluções e acclamações nocturnas para me surprehender no conflicto, ora lançavam sortes para me seguir de noite e para me matar nos arroios da cidade ou nas encruzilhadas: ora engajavam estrangeiros e carniceiros por grandes sommas para que me procurassem e matassem na propria casa, aonde eram recebidos pelas infames Caracas.

Acompanhando-a, e dando-lhe uma das senhas, que servem para esse fim; e como se tiram as caraças na occasião da ceia, querendo conservar o incognito, retira-se antes d'ella... Serve-lhe? Talvez aceite... N'aquella, tão tolerante quanto illustre casa, consegues tu realisar todos os teus intentos... Se fosse em Villa Pouca... O Arco é mais popular...

As fustas, galeões, bastardas, caraças e caravellas que, ou limpando as costas de Portugal dos atrevidos mouros, ou indo conquistar Ormuz, Goa, Malaca, implantavam o dominio portuguez no oriente, tinham levado alguns dos seus que illustrando o nome de sua familia o ligavam á historia da humanidade.

D'onde eu concluo que Portugal, recusando-se ao menor passo nas lettras e na sciencia para merecer o respeito da Europa intelligente, mostra, á maneira do vadio de Caracas, o despreso mais soberano pelas opiniões da civilização.

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