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Foi então que Despujolles, notando a infelicidade da cantora, e a sorte singular de Pozzoli, sahiu da sala em busca d'Antonino, a quem lhe pareceu conveniente avisar. Entraram juntos no salão do jogo. A gorda Elvira segui-os de longe. Laura viu o visconde assim que elle entrou. Ha vinte mil francos de baccara, dizia Pozzoli.

Ao partir telegraphou a Despujolles, dizendo-lhe que o procuraria no dia seguinte, e pedindo-lhe para o acompanhar a casa de Laura. Pelas duas horas da tarde do outro dia entraram ambos no salão da cantora, prevenida antecipadamente pelo medico. Trago-lhe emfim o selvagem! disse o dr. ao entrar.

Creio que dei ao ferido todos os esclarecimentos necessarios... Entretanto, meu caro doutor... interrompeu Antonino. O que quer dizer?... Deixaria eu d'explicar claramente tudo o que se passou? Ah! como está em casa de Laura, é possivel que deseje que lhe expliquem o caso... Sim, doutor, disse a cantora, parece-me necessario...

O Cantor tão religioso, e a Religiosa tão cantora, como que teem de corpo e sentidos quanto baste para os reter na terra dos deleites ephemeros, e retardar a sua fuga para regiões de affectos sem limite. Um e outro amam no intimo, pela delicia do amar, pela necessidade de amar, e sem pedirem mercê nem recompensa.

E effectivamente o visconde estava cada vez mais apaixonado. Nem conhecia o grau a que se tinha elevado a sua paixão. Ao principio calculava o amor que sentira pela cantora, pelo ciume que experimentava. Inquietava-se por ver com Laura os amigos intimos, como que os inseparaveis da Linda. De resto, o numero d'esses amigos era limitadissimo.

O medico mais uma vez lhe assegurou que o doente não corria perigo, recommendando-lhe de novo socego absoluto para Antonino. O visconde, com o olhar fixo na porta da sala, esperava com impaciencia a volta de Laura. A cantora entrou. Elle quiz fallar, mas ella collocou um dedo sobre os labios do doente, ajoelhou junto do leito, e com voz d'anjo, disse: Amo-o! Amava-o!

Apaixonado por uma cantora... por uma mulher do theatro... eu?!... Ora adeus!... não pode ser!... Hei de ver isso! Assim monologava o visconde Antonino de Bizeux, acabando de vestir-se. E sorria desdenhosamente, tomando um aspecto arrogante, como se quizesse illudir-se sobre o estado do seu coração, persuadindo-se estar curado da paixão que sentira, nos ultimos tempos, despertar em si.

Jamais dissera que não se casaria, mas a primeira condição que estava resolvida a impor ao noivo, se um dia o tivesse, era conservar-se no theatro, o que fazia diminuir as probabilidades d'encontrar marido rico. Pozzoli, o director do Scala de Milão, que na epoca em que se passa esta historia dirigia a Opera Italiana em Paris, pedira a mão de Laura ao pae da cantora.

Agora me recordo que ella não foi a S. Germano. Não gosta d'apparecer de dia. Mas socega, que elle ámanhã não deixa de apresentar-t'a. Tem uma prenda bôa, a Elvira; não é cantora, e por isso não me incommoda com pedidos para que cante com ella.

Por coisa alguma d'este mundo affligiria ou daria o menor desgosto a meu pae; mas o homem que me deu o ser possue alma generosa e elevada como poucos, e tem por mim um amor sem limites. Não me amará ainda, Laura, mas, se diligenciar amar-me, é possivel que o consiga. Pois bem: prometta-me que no dia em que tal succeda, consentirá em ser minha mulher! Sua mulher!... disse a cantora admirada.

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