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Os dois alumnos, assombrados com o mundo astronomico, pediam-lhe todos os dias que continuasse, e, posto que no fim dessa primeira parte Caetaninha ficasse um tanto confusa, ainda assim quiz ouvir as outras cousas que o padrinho lhe prometteu. Não digo nada da familiaridade entre os dois alumnos, por ser cousa obvia.

No sexto, começou a demonstração da existencia do homem. Caetaninha não pôde suster o riso, quando o padrinho, expondo a materia, perguntou-lhes se elles sabiam que existiam e porque; mas ficou logo séria, e respondeu que não. Nem você? Nem eu, não, senhor, concordou o sobrinho, Fulgencio iniciou uma demonstração em regra, profundamente cartesiana. A seguinte licção foi na chacara.

Logo, se a nossa Caetaninha ficou alvoroçada, e as mucamas andam de um lado para outro espiando e fallando do «sobrinho de sinhô velho que chegou de fóra», é porque a vida alli não tem outros episodios, não porque elle seja homem feito. Essa foi tambem a impressão do dono da casa; mas, aqui vae a differença.

Entre quatorze e quinze annos a differença é tão pequena, que os portadores das duas edades, não tinha mais que dar a mão um ao outro. Foi o que aconteceu. No fim de tres semanas pareciam ter sido criados juntos. isto bastava a mudar a vida de Caetaninha; mas Raymundo trouxe-lhe mais. Não ha dez minutos, vimol-a olhar com saudade as cavalgadas de homens e damas que passavam na estrada.

Caetaninha propoz irem continuar na varanda; mas o padrinho disse-lhe mysteriosamente que Roma não se fez n'um dia, e acabou declarando que dois dias depois continuaria a licção.

Foi por esse tempo que elle adquiriu o séstro de mortificar o buço, puchando-o muito de um e outro lado. Caetaninha chegava a bater-lhe nos dedos, para lhe tirar tão máo costume. Entretanto, as licções continuavam regularmente. tinham uma idéa geral do universo, e uma definição da vida, que nenhum d'elles entendeu. Assim chegaram ao quinto mez.

Digam-me, se, em taes condições, a vida de Caetaninha podia ser alegre. Não lhe faltava nada, é verdade, porque o padrinho era rico. Foi elle mesmo que a educou, desde os sete annos, quando perdeu a mulher; ensinou-lhe a ler e escrever, francez, um pouco de historia e geographia, para não dizer quasi nada, e incumbiu uma das mucamas de lhe ensinar crivo, renda e costura. Tudo isso é verdade.

Raymundo matou-lhe a saudade, ensinando-lhe a montaria, apezar da relutancia do velho, que temia algum desastre; mas este cedeu e alugou dois cavallos. Caetaninha mandou fazer uma linda amazona, Raymundo veiu á cidade comprar-lhe as luvas e um chicotinho, com o dinheiro do tio se sabe que tambem lhe deu as botas e o demais apparelho masculino.

Caetaninha ia esperal-o ao portão, espiando anciosa. No fim de quatro mezes, a vida era totalmente outra. Póde-se até dizer que então é que Caetaninha começou a usar rosas no cabello. Antes d'isso vinha muita vez despenteada para a mesa do almoço.

Saltitavam piando, dizendo cousas uma á outra, o que quer que fosse, talvez isto que era bem bom não haver philosophia nos muros das chacaras. Se não quando, uma d'ellas voou, provavelmente a dama, e a outra, naturalmente o garção, não se deixou ficar atraz: esticou as azas e seguiu o mesmo caminho. Caetaninha desceu os olhos á gramma do chão.

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