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Isto dizendo, avizinhei-me a ella, Que estava ao pé da rustica janella, E da térna pergunta não fez caso, Nem o rosto voltou, e olhando acaso Á proxima Cabana de Nigélla, Vi encostado Inálio á porta della Olhar para Urselina, a Deos dizer-lhe, E sem pejo a Cruel corresponder-lhe C'um doce riso, hum gesto namorado, De amantes expressões acompanhado.
Pouco e pouco vai decahindo de intensidade a paizagem agricola, perdendo ao mesmo tempo em belleza; atravessam-se regiões sem caracter em que a granja aceiada e o campo verdejante ladeiam a cabana na terra descuidada e inculta; só adiante, internando-nos na Allemanha, encontramos um novo typo.
E partiu, e abordou o solo patrio... O que quer que era de bem estranho se passára durante a ausencia de Urashima. Aonde estava a sua aldeia? aonde se erguia a cabana de seus paes?
Paphnucio construira nas margens do verde Nilo uma pobre cabana feita de ramos de arvores e de lodo amassado. Vivia alli na penitencia e na castidade; na contemplação e no ascetismo.
Nunca vi cabana tal em especial tão notavel de memória: esta deve ser a glória principal do paraiso terreal! Seja que não seja, embora, quero dizer ao que venho, não diga que me detenho a nossa aldeia já agora. Por ella vim saber cá se certo é que pariu Vossa Nobreza? Crei' que sim, que Vossa Alteza tal está que de isto mesmo dá fé.
O meio é real, tem aspétos bons e maus, e a moralidade, deixando os sermões, aliás brilhantes, da Cabana do Pai Tomás, resulta lógica, sem vergonha de existir, sem medo de cair no ridiculo.
Werther tambem lá não entra, porque lhe diz o camponez ancião, sentado á porta da cabana com o neto nos joelhos: Elá, poltrão! Os nossos lares são tranquillos e sagrados, não se invadem. Eu sei que esta criança é filha de meu filho, e por isso a amo. Não conhecemos cá o desespero do amor illicito que leva á morte. Aqui vive cada um o tempo das arvores que plantou.
Infeliz, eu?!... Pois não vê o senhor Arthur Soares, como estes aposentos estão repletos de esplendor e de magnificencia?!... Não vê esta mobilia, estes adereços, esta riqueza, este luxo, esta sumptuosidade régia de que partilho?!... Eu, a misera filha de um lavrador, apenas habituada ás palhas e ao fumo da cabana paterna!... Eu, que só por favor conhecia o palacio da minha querida mestra e senhora D. Maria da Gloria!... Podem por ventura ter entrada os dissabores, onde moram as preciosidades?!... Não, mil vezes não!... As estatuetas, os modelos em bronze e jaspe dos principaes monumentos da Europa, os bustos serios e caricatos de notaveis personagens do mundo civilisado, o ébano, a madre-perola, esses milhares de caprichos e de prodigios, as antiguidades, os recocós, as reliquias de toda a arte misturadas com os feitios e labores de toda a imaginação, tudo isto que me cérca, de que me chamam dona, que me obrigam a fitar, comprehender e decorar, e que me veiu conjunctamente com a posse de um esposo letrado e nobre, não será o gôso, a felicidade, a completa ventura?!...
E sempre a mesma lenda, a mesma historia antiga: Do palacio á cabana o vosso doce olhar, Nas insomnias crueis, na fome ou na fadiga, D'um raio creador o berço a illuminar! No entanto á doce mãe, se aquelle amor sem termo, Da moda traja agora os novos ouropeis, E o vosso coração já gasto e um pouco enfermo, Soffrendo se dilue nos ideaes crueis;
Que effeitos são os que sinto! Serão effeitos de amor? Sáio da minha cabana Sem reparar no que faço; Busco o sitio aonde moras, Suspendo defronte o passo. Fito os olhos na janella, Aonde, Marilia bella, Tu chegas ao fim do dia; Se alguem passa, e te saúda, Bem que seja cortezia, Se accende na face a côr. Que effeitos são os que sinto! Serão effeitos de Amor?
Palavra Do Dia