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Hokusai, em 1804, durante certa festividade n'um templo, manda estender no solo uma folha de papel de cerca de duzentos metros quadrados de grandeza; vem mais um barril com agua, outro barril com tinta preta, uns oitenta litros d'ella, e mais duas enormes vassouras e tres vassouras mais pequenas; entra o mestre, empunha uma vassoura embebida na tinta, traça sobre o papel curvas gigantes; no fim de alguns minutos termina a sua obra, que é comprehendida quando alguns dos milhares dos assistentes se lembram de galgar ao telhado do templo: a distancia e do alto, o immenso quadro representa um admiravel busto de Daruma, o grande apostolo buddhista.

Pobre humanidade, se se visse condemnada á coroação buddhista! Nós europeos, incapazes de nos sujeitarmos ao regime da contemplação inerte, soffreriamos as agonias, experimentariamos as afflicções do poeta que, tendo no peito um coração activo, tem na cabeça uma imaginação mystica, e, para obedecer ao pensamento, tortura o coração, sem poder tambem esmagal-o sob o mando da intelligencia.

no meu coração, que sondo e meço, Não sei que voz, que eu mesmo desconheço, Em segredo protesta e affirma o Bem. E para nada faltar a este mystico, anachronicamente perdido no meio do borborinho de um seculo activo até á demencia, tem tambem uma ardente uma buddhista.

Estes pensamentos e muitos outros, mas concatenados systematicamente, formam o que eu chamarei, embora ambiciosamente, a minha philosophia. O meu amigo Oliveira Martins apresentou-me como um buddhista. Ha, com effeito, muita coisa commum entre as minhas doutrinas e o Buddhismo, mas creio que ha n'ellas mais alguma coisa do que isso.

Somente o seu Deus, Deus sem vontade, sem intelligencia e sem consciencia, é, para nós outros, a quem são vedados os mysterios da metaphisica buddhista, igual a cousa nenhuma. Este homem, fundamentalmente bom, se tivesse vivido no seculo VI ou no seculo XIII, seria um dos companheiros de S. Bento ou de S. Francisco de Assis.

Esse trabalho, porem, não será um cathecismo buddhista, não pode ser nenhuma revelação milagrosa do verdadeiro systema, porque a sabedoria nos diz que toda a pretenção de Verdade é illusoria, pois sendo nós, a nossa intelligencia, os nossos pensamentos, simples e fugitivas contingencias, é loucura pensar que jamais possamos definir o Absoluto.

E eis ahi as razões porque eu não sou buddhista... nem Anthero de Quental o é, embora julgue sel-o. A evolução dolorosa que terminou com o seu ultimo soneto, esta longa e tempestuosa viagem atravez do mar tenebroso da phantasia metaphisica, parece ter concluido.

Ensina-se nos livros que por meados do nosso seculo XII, o pintor Kakuyu, que era bonzo buddhista, iniciou no Japão a pintura caricatural. Pois seja assim; concedo ao frade o merito de ter traduzido pelo pincel, por vez primeira, o humorismo d'esta gente. Mas tal humorismo, como feição moral, nasceu com o mesmo povo, é-lhe um fector do sentimento; e cada japonez é, e foi, e será, um caricaturista.