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Assim concluiu Inigo Guerra. Brearte, o pagem Brearte, sentia os cabellos arripiarem-se-lhe. Por largo tempo ficou immovel defronte de seu senhor: ambos elles em silencio. O moço rico-homem não podia engulir bocado. Tirou por fim da escarcela a carta de D. Diogo para a tornar a ler.

E os peregrinos que vinham do captiveiro e relatavam taes cousas, bem ceados e agasalhados no castello, iam-se no outro dia com Deus, levando provída a escarcela, e em boa e sancta paz. Quem não ficava em paz era D. Inigo: "Porque não vaes tu á serra?" dizia-lhe uma voz ao ouvido. "Porque não ides procurar vossa mãe?" repetia-lhe o pagem Brearte. Que lhe havia de fazer?

Esperaram-no até a noite; esperaram-no uma semana, um mez, um anno, e não o viam voltar. O pobre Brearte correu por muito tempo a serra; mas o sitio em que o cavalleiro jazia, isso é que não havia chegar. Inigo acordou alta noite: tinha dormido algumas horas; ao menos elle assim o cria. Olhou para o céu, viu estrellas: apalpou ao redor, achou terra: escutou, ouviu ramalhar as arvores.

"Quereis vós, senhor, um conselho, e não vos custará nem mealha?" "Dize, dize , Brearte." "Porque não ides á serra procurar vossa mãe? Segundo ouço contar aos velhos ella é grande fada." "Que dizes tu, Brearte? Sabes quem é minha mãe, e que casta é de fada?" "Grandes historias tenho ouvido do que se passou certa noite n'este castello: ereis vós pequenino, e eu ainda não era nado.

Era um dia ao anoitecer: D. Inigo estava á mesa, mas não podia ceiar, que grandes desmaios lhe vinham ao coração. Um pagem muito mimoso e privado, que em diante delle esperava seu mandar, disse então para D. Inigo: "Senhor, porque não comeis?" "Que hei-de eu comer, Brearte, se meu senhor D. Diogo está captivo de mouros, segundo resam as cartas que ora delle são vindas?"

Os porquês d'estas historias, isso Deus é que o sabe." "Pois dir-t'os-hei eu agora. Chega-te para , Brearte." O pagem olhou de roda de si quasi sem o querer, e chegou-se para seu amo: era a obediencia, e ainda mais um certo arripio de medo, que o fazia chegar. "Vês tu, Brearte, aquella fresta entaipada? Foi por alli que minha mãe fugiu. Como e porquê, aposto que t'o hão contado?"

As miserias e lastimas que ahi recontava eram taes, que D. Inigo sentiu o pranto gotejar-lhe abundante pelas faces abaixo. Então ergueu-se da mesa para se ír deitar. Nem o barão nem o pagem pregaram olho toda a noite; este de medroso, aquelle de desconsolado. E nos ouvidos de Inigo Guerra soavam contínuo as palavras de Brearte: Porque não ides á serra procurar vossa mãe?

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