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Era o cabinda, era o velho, mas sympathico, o negro, mas dedicado, o escravo, mas d'alma grande. O negro vinha encarregado d'entregar a Luiz a carta de Jorge de Macedo. Muito contente da sua missão, porque lhe dizia o coração que se andava tratando da ventura de sua filha, o negro transpoz apressadamente a distancia que vae do Botafogo ao Rio, á rua dos Pescadores.

O Botafogo dorme, velado pelo manto das suas bellezas, no centro d'um silencio, apenas quebrado pelo cicio das agoas da sua poetica enseada. No meio de tudo isto, de todas estas bellezas, ha um ente que ainda não repousa, enlevado em sonhos de fascinadora poesia.

Escreveu, pois, e incumbiu um dos escravos de chegar ao Botafogo, logo que Jorge viesse da chacara. Ás horas convenientes despediu-se friamente do mulato, que andava de vigia, e partiu para o local d'onde sahiam os vapores da carreira para Macahé. Luiz levava a dôr das suas saudades e os receios d'alguma infamia do mulato... Ás nove horas entrava Jorge no armazem.

Pediu-me tambem todo o segredo, e para que ninguem me veja, peço a v. ex.^a o obsequio de apparecer esta noute, ás 10 horas, no caramanchão da chacara, junto ao lago, onde me encontrará para entregar a V. Ex.^a a referida carta. De V. Ex.^a, etc., Americo d'AbreuFechou, e subscriptou a Magdalena, sahiu, chamou um negro de fretes e enviou-o ao Botafogo, á chacara de Jorge.

Conversaram por largo tempo, e quando ás tres da tarde sahiu para regressar á chacara, chamou Americo e disse-lhe: O senhor Luiz sahe amanhã no vapor das 8 horas para Macahé. Vai a negocios meus. Quando vier a correspondencia abra e as suas ordens como entender conveniente. Sim, senhor. Se até eu chegar, fôr preciso alguma coisa queira mandar-me aviso ao Botafogo. Não ha de ter duvida. Adeus.

Em 1859, Jorge de Macedo, negociante de café em grande escala, e, ao mesmo tempo, abastado capitalista, vivia no Botafogo, em um formoso palacete, circumdado de lindissimos jardins. Magdalena, a filha do cabinda, n'esta epocha, em que principia a nossa narrativa, tinha desenove annos, e era a fada d'aquelle arrabalde do Rio de Janeiro.

Americo, depois dos cumprimentos do estylo, e d'alguns cavacos sobre a correspondencia e negociações do dia, deixou-o no escriptorio e veio ao armazem. Chamou os negros, interrogou-os a todos, perguntando se algum fôra incumbido pelo senhor Luiz de ir ao Botafogo levar algum recado. Um d'elles respondeu que sim. A que? perguntou Americo. Levar isto á senhora moça. Deixa vêr.

Este, apenas deu a Jorge conta do bom desempenho da missão de que fôra encarregado a Macahé, sahiu, deixando-o no armazem com Americo. O pobre moço ia fóra de si, como perdido, desvairado, e, diga-se a verdade, bastante indisposto com Magdalena, porque acreditava mais ou menos no seu perjurio. N'este estado, seguiu para o Botafogo. Eram onze horas quando chegou.

E em quanto o negro transpunha a distancia que vai do Botafogo á cidade, ficavam Jorge e Magdalena entregues á refeição do jantar, conversando mui animadamente, muito contentes, entre os perfumes suavissimos das flores formosas do affecto que lhes enchia as almas. Não ha nada mais caprichoso do que o coração humano, e, por consequencia, nada mais enigmatico, nada mais incomprehensivel.

Momentos depois, partia o cabinda do Botafogo para o Rio, no vapor da carreira, com a seguinte carta de Jorge para Luiz. Meu socio e amigo. «Para negocios de gravidade preciso, ainda hoje mesmo, fallar-lhe e ao senhor Americo. Rogo-lhes pois o obsequio de chegarem aqui, onde os fica esperando o seu Socio amigo, etc. Jorge de Macedo

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