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De volta do oriente o conde borgonhez entregou-se inteiramente á governação dos seus estados, empenhando-se devéras em fortalecer o proprio poder, acrescentando o territorio nas guerras contra os arabes, a preparando-se para acabar com qualquer especie de supremacia estrangeira. Estes intuitos deviam mais do que uma vez occasionar guerra no norte com os leoneses, e no sul com os musulmanos.

Assaltava-o o desejo, de se encontrar, elle, filho d'um humilde artista borgonhez, em frente d'esse arrogante marquez de la Tournelle, provando-lhe que os filhos dos proletarios tinham mais sangue nas veias, que os filhos e os netos dos emigrados de Coblentz, entrados em França nos carros de mercadorias do estrangeiro.

Os portuguezes devem venerar a memoria do principe borgonhez, porque desde a sua volta do Oriente não teve em vista senão a independencia d'esta terra e soube empregar em tão nobre empenho grande sagacidade, invencivel firmeza, e consummada prudencia.

A origem da independencia de Portugal, e a sua separação do reino leonez, tem sido uniformente attribuida pelos nossos historiadores ao casamento do principe borgonhez Henrique com D. Thereza, filha de Affonso VI.

Conservar e desenvolver essa influencia, dependia dos dotes pessoaes do principe. A auctoridade moral do conde D. Henrique na côrte de D. Affonso VI de certo se baseava principalmente n'estas circumstancias, pois que a qualidade illegitima de D. Tareja não impoz ao principe borgonhez nenhuma inferioridade que lhe diminuisse o poder ou que restringisse as suas pertenções ambiciosas.

A rapidez com que em menos de meio seculo surgiu a nacionalidade portugueza, dotada de attributos e qualidades que logo separaram, e distinguiram os portuguezes dos gallegos e dos leonezes, a dexteridade com que a viuva e o filho do conde borgonhez souberam vencer todos os obstaculos, e fazer com que insensivelmente fossem legitimadas pelos proprios adversarios as pretensões mais contrarias aos direitos da corôa de Leão, e finalmente a coragem com que lutaram nos campos de batalha contra a rainha D. Urraca e contra seu filho, são na verdade admiraveis, mesmo attribuindo ás discordias de Affonso de Aragão e de sua mulher a facilidade venturosa, com que tão ousados commettimentos se executaram!

Certo é que Miguel de Arenas estabeleceu-se posteriormente, com o mesmo ramo de commercio, de sociedade com João de Molina; tambem, e mais vulgarmente conhecido por «João de Hespanha», outro abastado mercador de livros, mas não tanto como o seu confrade borgonhez.

O conde borgonhez oriundo de uma das mais poderosas casas da Europa, sobrinho do rei de França, genro do imperador, e primo do conde de Galliza, com quem o ligavam tambem os laços da affinidade, reunia em si todos os requisitos necessarios para obter, dentro em breve, preponderancia consideravel em todos os negocios da peninsula hespanhola.

Era indispensavel que os cavalleiros portuguezes seguissem de boa vontade as modificações da politica do conde borgonhez e de D. Tareja, e que sacrificassem a um principio geral as affeições e os interesses que podessem liga-los a D. Urraca, a D. Affonso, ou aos fidalgos gallegos. Essa necessidade reconhecida por todos dominava o animo dos portuguezes.

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