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Qual pomposo jardim de verme illustre, Chamado rei ou nobre, ha-de comtigo Comparar-se, oh deserto? Aqui não cresce Em vaso de alabastro a flor captiva, Ou arvore educada por mão de homem, Que lhe diga és escrava» e erga um ferro E lhe decepe os troncos. Como é livre A vaga do oceano é livre no ermo A bonina rasteira e o freixo altivo! Não lhes diz nasce aqui, ou não cresças» Humana voz. Se baqueou o freixo, Deus o mandou: se a flor pendida murcha,

Bonina pudibunda, ou fresca rosa, Nunca no campo abrio, Quando os raios do sol no Touro estão, De côres differentes esmaltada, Como esta flor, que os olhos inclinando, O soffrimento triste costumou Á pena que padeço.

Diz agora a grosa Que este texto tem, Que quem he formosa Ha de querer bem. Havei , menina, Dessa formosura; Que se a terra he dura, Secca-se a bonina. Sêde piedosa; Não veja ninguem Que por rigorosa Percais tanto bem. Tende-me mão nelle, Que hum real me deve. Voltas. C'hum real d'amor, Dous de confiança, E tres d'esperança, Me foge o trédor.

Lagrima celeste, Perola do mar, O que me fizeste Para me encantar! Ah! se tu não fosses Lagrima do céo, Lagrimas tão dôces Não chorára eu. Se nunca te visse Bonina do val, Talvez não sentisse Nunca amor igual. Pomba desmandada, Que é dos filhos teus, Luz da madrugada, Luz dos olhos meus! Meu suspiro eterno, Meu eterno amor, D'um olhar mais terno Que o abrir da flôr,

Adeus tranças côr de oiro, Adeus peito côr de neve! Adeus cofre onde estar deve Escondido o meu thesoiro! Adeus bonina, adeus lirio Do meu exilio d'abrolhos! Adeus oh luz dos meus olhos E meu tão dôce martyrio! Desfeito sonho doirado, Nuvem desfeita de incenso, Em quem dormindo penso, Em quem penso acordado! Visão sim mas visão linda! Sonho meu desvanecido!

Bem intima ser deve A pena que te opprime, Flôr tenra como o vime, Flôr pura como a neve! Compunge-te isso, dóe-te Vêr esmaltando o calix Da erma flôr dos valles O balsamo da noite? Se aos olhos nos affluem As lagrimas, parece Que a dôr nos adormece, E as maguas diminuem. Heresta! pois inclina Na minha a tua face E deixa me repasse Teu balsamo, bonina!

E quando o vento acalma é para saltar ao ponente ou ao sul. A rajada não silva da montanha: uma bafagem tepida vem da banda do mar; mas o ceu está toldado e o ar humido: o dia passa melancholico e pesado sobre a bonina que a nortada açoutou: ella não pôde saudar o sol no oriente: está pendida e murcha como a ventania a deixára.

Talvez te esquecesses, ó bonina, Que viveste no campo commigo, Que te osculei a bocca purpurina, E que fui o teu sol e o teu abrigo. Que fugiste commigo da Babel, Mulher como não ha nem na Circassia, Que bebemos, nós dois, do mesmo fel, E regámos com prantos uma acacia.

Ninguem na Terra vos disputa a palma D'expor, com fidelissima justeza De côr e fórma, cheias de belleza, Os varios sentimentos da nossa alma!... A timida donzella, ingenua e pura, Temendo-se dos bens que ella imagina, Nas petalas da candida bonina Procura lêr seus sonhos de ventura!...

D'haver nelle mudança estou seguro, Sem temer nenhum caso, ou duro fado, Nem o supremo bem, ou baixo estado, Nem o tempo presente, nem futuro. A bonina e a flor asinha passa; Tudo por terra o inverno e estio deita; para meu amor he sempre Maio. Mas ver-vos para mim, Senhora, escassa, E qu'essa ingratidão tudo me engeita, Traz este meu amor sempre em desmaio.

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