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Despede-te da tua noiva e faze por merecer sempre a estima e o affecto que tens encontrado no meu coração. Quem semeia ventos... O Belchior e o Custodio, mal chegaram ao Porto, dirigiram-se ao commissariado de policia e ahi formularam a sua queixa contra Eugenio de Mello, accusando-o do rapto de Beatriz.

Sim... e demos o caso que esse tal Eugenio, emfim... como é rapaz e estroina, depois de a ter raptado, não se resolve a tomal-a por mulher, senão debaixo de certas condições? Quaes condições? Por exemplo... exigir que eu augmente o dote á rapariga e querer que se façam escripturas, de modo que o que é d'elle fique perfeitamente a coberto... O Eugenio não é capaz d'isso! protestou o Belchior.

N'este lance, o commendador apresentou ao abbade meia folha de papel sellado, e pediu-lhe que a lesse. O padre pediu a Belchior que lhe chegasse os oculos, pôl-os tremulamente, acercou-se de uma fresta, e, lendo primeiro a assignatura, disse:

Belchior! chamou o abbade pega a chave, e entrem que eu vou. O moço foi buscar a chave, beijou a mão ao padre, e abaixou a cabeça ao senhor desconhecido. O commendador, com os olhos cravados n'elle, movia-se n'um balanceado arfar de peito: era o esforço que punha em resistir aos impetos que o impulsionavam para o filho.

Eugenio de Mello, acompanhando o Belchior, apresentou-se gentil e muito correcto no seu trajo elegante de rapaz rico, affectando uns ares superiores, de bom tom, sem comtudo deixar de se mostrar amavel e attencioso em extremo para com as damas.

O Custodio despediu-se e o Belchior correu ao Francfort a prevenir Eugenio. N'essa mesma noite, a sala de visitas do Custodio de Jesus era theatro da odiosa farça que os tres miseraveis se dispunham a representar á roda do coração de Beatriz, illudindo-se uns aos outros, como quasi sempre acontece quando tres patifes de grande marca se encontram unidos pelo mesmo pensamento de interesse commum.

O Custodio, sahindo de casa do Belchior, passára pela casa de D. Barbara, viuva d'um general reformado e mãe de tres filhas feiissimas que o Monte-pio militar sustentava, e pediu-lhes para irem á noite tomar o chá e fazer um bocado de companhia á Beatriz, que tinha fallado n'ellas e estranhado que estivessem tanto tempo sem lhe irem fazer uma visita.

Porque as mulheres, quando encarreiram as suas affeições para um lado, não ha diabo que as faça voltar para outro, amigo e sr. Custodio... O que quer dizer com isso, amigo Belchior? Quero dizer que se a Beatrizita tem por ahi namoro que lhe faça andar a cabeça á roda, ao meu amigo não lhe será tão facil como julga o fazer que ella obedeça á sua vontade... Namoro!

Mas deixa-me explicar-te primeiro... Os meus negocios teem corrido mal... Nos ultimos tempos tenho soffrido prejuizos importantes que me teem reduzido á miseria... Este procurador, este Belchior que aqui vem e que, coitado, é meu amigo... não o posso negar, é meu amigo!... tem-me valido com a sua amizade, abonando-me importantes quantias que me teem sido precisas para solvêr compromissos creados... Mas agora nem elle tem, nem eu... Este rapaz é rico, possue uma importante fortuna e ama-te apaixonadamente, minha filha... Elle promette pagar todas as minhas dividas no momento em que tu consintas em ser sua esposa... Portanto, : ou ficamos reduzidos á miseria, sem um bocado de pão, e sem abrigo, porque tudo quanto está n'esta casa é dos credores, ou tu acceitas este casamento e voltam para o nosso lar os dias felizes, a paz e a abundancia, como até aqui.

Ia agora mesmo a sua casa disse-lhe o agiota. Sim? Então o que ha de novo? perguntou-lhe o Belchior, que tivera tempo de serenar e recobrar o sangue frio. Que eu saiba, não ha nada... O que eu queria saber era se sempre temos de ir á administração de Villa Nova de Gaya ratificar as declarações que fizemos hontem ao regedor e á policia...

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