United States or Israel ? Vote for the TOP Country of the Week !


...O que não tira, ainda assim, que resgatasse da morte civil, bem pior que a morte natural, um desgraçado que a cegueira da justiça humana havia condenado por assassino e ladrão o pobre Manuel Barradas. Observei um dia a lei do Senhor, e Ele, em prémio da minha obediência, concedeu-me o poder legar-te um pedaço vivo do meu coração. Queres ouvi-lo bater?

A urdidura d'este romance, que afoitamente denominamos historico, deu-no'l-a um manuscripto, que pertenceu á livraria do secretario de estado Fernando Luiz Pereira de Sousa Barradas. O collector d'estes apontamentos, que a historia impressa, respeitando as conveniencias, omittiu, foi contemporaneo dos successos que archivou, pois escrevia em 1648.

Em casa elle o pagaria ouvindo-a sarrasinar n'uma cegarrega de lamurias, accusando-o de não ter a consideração social de que dispunha o Lemos de Formoselha e o Barradas de Esmoriz, cujas mulheres, não sendo mais novas nem mais bonitas do que ella, estavam sempre no meio da casa.

Os sediciosos eborenses eram Sezinando Rodrigues e João Barradas; e o de fóra era o quasi imberbe Domingos Leite Pereira, que depois de haver pedido na praça a cabeça do corregedor, e rompido os diques á onda popular contra o arcebispo e outros fidalgos que sahiram de cruz alçada a socegar os amotinados, appareceu orando ás turbas preceitos de prudencia e respeito ao ancião conde de Basto.

Pouco mais esquadrinhei, senão que foi filho de Antonio de Alpoem, e neto de Pedro de Alpoem, e de uma senhora de appellido Caldeira, filha de Affonso Domingos de Aveiro, instituidor da capella de Santo Ildefonso, na igreja de S. Thiago em Coimbra, da qual o justiçado amigo de D. Antonio era administrador ; e, como não deixasse descendencia, o morgadio passou a seus parentes, filhos de Isabel Caldeira, irmã de seu avô, casada com Estevão Barradas.

Villão espirito e rancorosa alma que ainda almejavam sobreviver-se no tumulo! D'essa estupenda biblioteca, no dia 1 de novembro de 1755, não deixou o terremoto sequer um livro! O autographo de D. João IV, aqui trasladado, pertenceu á livraria do ministro de estado Fernando Luiz Pereira de Sousa Barradas.

Sim, que visse, que reparasse, continuava Serafina. Ao passo que ella passava noites inteiras sem dançar, tendo a consciencia de ser uma esposa virtuosa, a Barradas andava sempre n'uma roda viva, e a filha do Saraiva de Mogofores, que fugira com um quintanista de direito para o Bussaco, e estivera dois dias com elle, não chegava para as encommendas na assembléa de Espinho.

O Barros desculpava-se: que o Lemos era um trunfo politico, por ter em Lisboa um genro que fôra ministro tres vezes, e que se lhe dançavam com a mulher era para fazer a bôca doce a elle e a ella, por causa do genro; quanto á mulher do Barradas, «bem sabes tu, Fininha, o motivo porque ella dança sempre... á custa da reputação do marido.» D. Serafina não se dava por convencida.

O homem póde bater na mulher, mas acaba por ser batido por ella, logicamente. E o defeito da Fininha, o seu gosto pela dança, não era d'aquelles defeitos que compromettem a honra dos maridos. A mulher do Barradas d'Esmoriz, essa sim, servia-se da dança para chegar a certos fins illegitimos. Mas a Fininha gostava da dança pela dança, sem segundas vistas.

E a Fininha, a respeito da mulher do Barradas, dizia-lhe muitas vezes: O que eu vejo é que as que se portam peior não ficam nunca sentadas! Por isso mesmo... respondia o Barros. Por isso mesmo!? Então na sociedade todas as distincções devem ser para quem menos as merece!? Que premio destinam então os homens ás mulheres honestas?! O Barros embuchava. está o raio da logica!... pensava elle.