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Tudo mudou; o ouro correu; a imprensa, por suas mesmas mãos, poz a mordaça das conveniencias; a tribuna papagueou o taramellar radotante das argucias que amam conservar o embuste do tom independente; cada cidadão encellulou-se no seu personalismo, absolvendo-se pela sentença, volvida regra da conducta, de que tão bons são uns como os outros; o paiz negociou, tripotou, enriqueceu-se, empobreceu-se, estonteado pela febre dos melhoramentos materiaes, avido de lucros, sem a educação dos negocios, cabeceando de crise agricola em crise bancaria, mineira, fabril; emfim, as amplas reclamações doutrinaes cessaram, e o silencio, o bem-amado, o suspirado silencio fez-se.
Póde a natureza das operações exigir differentes condições de contractos, conforme uma liquidação mais ou menos rapida, conforme o maior ou menor risco e consequente necessidade de amortisação, mas essas como muitas outras circumstancias só attingem propriamente a administração bancaria e nunca o credito, a possibilidade fundamental de desconto.
Ninguem o excedia então; e ao ouvil-o, dir-se-ia algum fugido de Paris, dos tempos da Communa, porque nos referimos agora aos seus ultimos annos, ás vesperas da sua morte, quando a agiotagem livre de Lisboa e Porto provocou uma crise bancaria. Quiz então o governo cohibir a liberdade de emissão, mas não o pôde.»
Queixava-se outro sim, de ingratidões que lhe ulceravam o peito. Era um romance de amores começado no Porto, romance que bifurcou em dous fios de ouro: um foi prender-se á orla de um throno não sei aonde, outro á carteira de uma casa bancaria em Vienna d'Austria. Brilhantes desenlaces!
Para os primeiros gastos da viagem mandou-lhe D. João II dar da arca das despesas da horta de Almeirim quatrocentos cruzados, parte dos quaes Pero da Covilhan depositou na casa bancaria de Bartholomeu Florentino, a fim de receber em Hespanha o que lhe conviesse, levando além d'isso uma carta de credito, dirigida pelo monarcha á opulenta casa Medicis, para que nada lhe faltasse nos paizes, que tivesse de percorrer.
Pois essa instituição iniciada e continuada n'um regimen que em materia bancaria se póde dizer archaico, sem ter mudado de estatutos e com a sua administração patriarchal, estava em 31 de dezembro de 1898 na seguinte situação: Tinha 206:709$000 réis em 2.012 depositos, dos quaes 1.426, ou seja 70,9% não excediam a 100$000 réis.
Trazia apenas tres cartas de recommendação, uma para o visconde de Coruche, outra para o commendador Lopes de Miranda, e a terceira para a casa bancaria de Vaz Mendes e C.ª, extraordinariamente acreditada n'esta capital, não só pela notavel amabilidade dos seus gerentes, como pelo facto de já ter fallido tres vezes.
Nuno conservava tam nítidamente na memória êsses acontecimentos, que podia reconstituí-los com facilidade, sempre que quisesse. Não lhe esquecera ainda, o mínimo detalhe do seu primeiro encontro com Júlia, que chegara certa manhã a um hotel de Vizela, com o pai, a mãe e o irmão, o excelente Roberto, que fôra educado em Londres, que tinha nas maneiras, na franqueza, na correcção do porte e no córte do vestuário, acentuados traços britânicos e que partira para a America do Norte, como empregado superior duma casa bancária, dois meses depois do cas
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