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Ao fundo da rua um leque de luz sahia da porta meio aberta d'um armazem de vinhos; sentiam-se vozes disputar, e na esteira luminosa atravessava de quando em quando um ebrio, que forcejava por conservar um equilibrio digno. Abria-se alguma janella com estrondo e um choque d'aguas, chapeando na rua, indicava uma contravenção do codigo municipal.

Teria estado com elle n'essa mesma noite? Talvez que no momento em que atravessava os salões, á sahida, esse homem o seguisse com o olhar, sorrindo de antemão do papel deitado na caixa e que caminhava ao seu encontro, sem que, sequer, de tal suspeitasse.

Umas vezes ouviam o ruido das levadas, que as ultimas chuvas tinham engrossado; adeante, transpunham uma ponte rustica, escutando das profundezas do despenhadeiro, que ella atravessava, o fragor das cascatas nos açudes ou o ranger das rodas dos moinhos. Henrique a cada momento imaginava cair n'um abysmo.

E atravessava o Largo do Chafariz quando descortinou o desejado Gouveia, á porta muito alumiada da loja de pannos do Ramos, conversando com um homemzarrão de forte barba retinta e de guarda-pó alvadio. E foi o Gouveia, que, de dedo espetado, investiu para Gonçalo: Então, sabe? O quê? Pois não sabe, homem?... O Sanches Lucena! O quê? Morreu!

Não ha mais do que vir ao meio de uma familia e dizer: «Vós não sois marido e mulher?... e ésta filha do vosso amor, ésta filha criada ao collo de tantas meiguices, de tanta ternura, ésta filha é...» Mãe, mãe, eu bem o sabia... nunca t'o disse, mas sabia-o: tinha-m'o ditto aquelle anjo terrivel que me apparecia todas as noites para me não deixar dormir... aquelle anjo que descia com uma espada de chammas na mão, e a atravessava entre mim e ti, que me arrancava dos teus braços quando eu adormecia n'elles... que me fazia chorar quando meu pae ia beijar-me no teu collo.

A cavalgada, que se víra descer ao longo do valle, atravessava o rio da villa pela ponte do Souto e encaminhava-se para uma antiga porta da povoação primitiva, porta conhecida ainda hoje, como então, pelo nome de Vandoma.

Arnaldo Braga dizia que era todo o seu mal e a Amelinha principiou a explicar, com grande volubilidade, as impressões que sentia ouvindo musica, ao ver no theatro um drama triste, ou então quando o seu gato preto, em certos dias, se lhe atravessava no caminho e ella, sem querer, lhe pisava a cauda e ouvia o miar queixoso do animal.

Ora, na visinhança do palacio havia uma floresta cheia d'animaes selvagens e perigosissimos. O intendente mandou ahi fazer por toda a parte covas profundas, cobertas com folhas, de modo que as feras, caindo dentro, podessem ser agarradas. Um dia que o intendente atravessava a floresta, ia tão absorvido pelos seus pensamentos orgulhosos, que se precipitou elle mesmo dentro d'uma das covas.

Era uma angustia curtida em silencio, que me despedaçava brutalmente o coração. Um dia, quando atravessava a cosinha para ir á minha piedosa espionagem, a Eulalia voltou-se para mim com uma frigideira na mão e disse-me, com um ar escarninho que me arrepiou: «A menina Mariquinhas sabe? está a morrer.

Barcos de véla passavam a cada instante, e elle sabia conhecer cada typo de embarcação. Cada véla que atravessava o mar longinquo, palpitando ao vento fresco de abril, tinha para elle uma suggestão viva, uma lembrança saudosa ou pittoresca.