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Comprehende agora, depois do que tenho vindo a dizer-te, emquanto a azulada fumaça d'este charuto caprichosamente descreve espiraes no espaço, como poderia amal-a o esposo, vendo-a tão nova, a seu lado, toda entregue a seu amor, desde os timidos beijos assustadiços repentinamente dados, ás vezes, no vão de qualquer janella dos aposentos desertos de enfadonhas testemunhas, até ao completo desnuamento arrepiado e perfumoso, muito encolhido e cálido, que apresentava-lhe na mysteriosa liberdade pacifica da recatada alcôva, alta noite, com a sua elevada estatura de lyrio a erguer-se, entre neves de rendas, diffundindo aromas que sabia embriagadores, irresistiveis.

A fronte super-divina que concebera o Mundo pousava sobre a mão super-forte que o Mundo creára e o Creador lia e sorria. Ousei, arrepiado de sagrado horror, espreitar por cima do seu hombro coruscante. O livro era brochado, de tres francos... O Eterno lia Voltaire, n'uma edição barata, e sorria. Uma porta faiscou e rangeu, como se alguem penetrasse no Paraiso.

Sem os Sáurios, e os Pterodactilos, e a Hiena Spelea, e o arrepiado terror que espalhavam, e a necessidade de ter, contra o seu ataque, sempre bestial, uma defesa sempre racional a Terra permaneceria um temeroso Paraíso, onde erraríamos todos, desgrenhados e nus, chupando pela borda dos mares as banhas cruas de monstros naufragados.

E alguns senhores, estafados com a delonga, afivelando os gibanetes, murmuravam: «Está morto! Está acabadoEntão Garcia Viegas gritou ao Coudel dos Bésteiros: Ermigues, ide vêr se ainda resta alento n'aquella postema. O Coudel correu pelo passadiço de traves, e arrepiado de nojo palpou a livida carne, acercou da bocca, toda aberta, a lamina clara da adaga que desembainhára.

Arrastado na falaz miragem dêste sonho magnificente, tôda a tarde o Silveira levou, desocupado e frívolo, em prazenteiros flirts pela cidade. Começára o delicioso mês de maio, o opulento batedor da season, arrepiado dos primeiros frios e com as suas plácidas manhãs envôltas vagamente, como por uma peliça cara, nas peroladas franjas da neblina.

Arrepiado, numa ânsia de findar aventura tam cheia de milagre e de horror, D. Rui colheu as rédeas, cavalgou sôfregamente. E logo, em grande pressa, o enforcado saltou tambêm para a garupa do cavalo fiel. Todo se arrepiou o bom cavaleiro, ao sentir nas suas costas o roçar daquele corpo morto, dependurado de uma forca, atravessado por uma adaga. Com que desespêro galopou então pela estrada infindável! Em carreira tam violenta o enforcado nem oscilava, rígido sôbre a garupa, como um bronze num pedestal. E D. Rui a cada momento sentia um frio mais regelado que lhe regelava os ombros, como se levasse sôbre êles um saco cheio de gêlo. Ao passar no cruzeiro murmurou: «Senhor, valei-mePara alêm do cruzeiro, de repente estremeceu com o quimérico medo de que tam fúnebre companheiro para sempre o ficasse acompanhando, e se tornasse seu destino galopar através do mundo, numa noite eterna, levando um morto

Fiquei sozinho, ouvindo com os ouvidos da minha cabeça as ladainhas que iam minguando, em retirada... mas também ouvindo com os ouvidos do pensamento o chamado carinhoso da teiniaguá; os olhos do meu rosto viam a consolação da Maria Puríssima que se alonjava... mas os olhos do pensamento viam a tentação do riso mimoso da teiniaguá; o nariz do meu rosto tomava o faro do incenso que fugia, ardendo e perfumando as santidades... mas o faro do pensamento sorvia a essência das flores do mel fino de que a teiniaguá tanto gostava; a língua da minha boca estava seca, de agonia, dura, de terror, amarga, de doença... mas a língua do pensamento saboreava os beijos da teiniaguá, doces e macios, frescos e sumarentos como polpa de guabiju colhido ao nascer do sol; o tato das minhas mãos tocava manilhas de ferro, que me prendiam por braços e pernas... mas o tato do pensamento roçava sôfrego pelo corpo da encantada, torneado e rijo, que se encolhia em ânsias, arrepiado como um lombo de jaguar no cio, que se estendia planchado como um corpo de cascavel em fúria...

Quem visse aquele gigantesco moço, com a fisionomia espantada, os cabelos flutuantes, o bigode arrepiado, e o vestuário em desalinho, correr como um doido atrás de qualquer transeunte, mirá-lo em face, e logo voltar-lhe as costas para correr atrás de outro, teria acusado mentalmente de negligencia os guardas e o porteiro de Bicêtre.