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A todas as horas tremiam de ver a justiça á porta, sem animo todavia para fugir, o que acontece varias vezes. O que será? balbuciava o robusto camponez da Aramanha. A modo que sinto patas de cavallos fóra. Arrastam espadas. Com mil cobras! Estaremos caídos na esparrella, sôr compadre?

Buscam-o para o processar como rebelde desde o caso de Mafra. Tinham-se escondido na Aramanha, e esse villão do sargento Cabrinha, por trinta moedas prometteu entregal-o. Não o achando alli, correu os arredores, e de certo o foi encontrar no Casal do Ouro pela denuncia... Do Sapo! Foi o Sapo, aposto! Por isso o patife andava desde hontem de orelha fita e focinho aguçado!

Restava o Gaspar Preto, o Sapo, do qual nos despedimos a ultima vez, deixando-o entre as garras de dois inimigos resentidos e inexoraveis, o Antonio da Cruz e o fazendeiro da Aramanha. O que é feito d'elle?

O fazendeiro da Aramanha, mal rompia a aurora, tomando o conselho do compadre, montou n'uma egua, e partiu para casa a descançar, não sem primeiro rezar um responso ás costellas do virtuoso Cabrinha e ao pescoço de Gaspar Preto, aonde quer que os encontrasse. O sargento esteve duas horas sem accordo. Quando voltou a si não via senão fantasmas em redor da cama. Custou a socegal-o.

Davam nove horas, e o fazendeiro da Aramanha, interpellando o João da Ventosa, perguntou alto aonde era o almoço, e se teriam tempo de o engulir antes da procissão? A resposta foi sumirem-se por uma travessa escusa, entrarem para uma especie de furna escura, immunda, e humida, e sentarem-se em mochos vacillantes á roda de uma mesa, cuja toalha bem mostrava nunca haver deixado os lençoes de vinho.

Deus seja com a sua alma! exclamou o assassino, saltando o vallado, e contemplando prostrado, e com o rosto banhado em sangue o corpo da victima, que todavia conheceu pela estatura e pelo trajo ser Antonio Simões da Aramanha. Está com Christo! ajuntou depois de olhar para elle instantes. Este não morde. Falta o Antonio da Cruz!... Tambem lhe ha de chegar a sua vez!

sabemos que o Antonio da Cruz, o Manuel Simões da Aramanha, e o João da Ventosa, obedientes como bons patriotas ás instancias do morgado de Penin, capitão de milicias de Rio Maior, tinham feito a jornada de companhia, e por um triz não apanharam em Villa Franca o sargento e o seu ajudante, que partiam para os denunciar a Lagarde.

Antonio Simões da Aramanha deu-lhe o gosto de entrar dias depois sob seus auspicios na cadeia de Santarem, quasi arrependido da soltura de lingua, com que tinha lançado em rosto ao perseguidor as lagrimas e a ruina das familias, e os crimes contra a patria. O fazendeiro, todavia, não gemeu nos ferros de el-rei, como se dizia então, sem jurar pelas costellas ao malsim.

Quando tornou a si com a dor, e por ella conheceu que vivia ainda, os seus olhos horrorizados perderam a luz de assombro e de pavor. No meio da casa o Manuel Simões da Aramanha, de , encarava-o sombrio e terrivel. Ao da mesa o fantasma branco, entrouxado nos lençoes, extendia o braço direito em ar de ameaça.

Finalmente, o Manuel Simões da Aramanha, que saíra em ultimo logar, como homem de consciencia, porque não quizera deixar o copo cheio, encarando com o Sapo, que se fazia pequeno como um verme a ver se escapava, calado, mas terrivel de gesto, alongou o braço com a rapidez e a força irresistivel da mola de aço, que resalta, e aferrando o aborto pela nuca, com um murro metteu-lhe os dentes e os queixos pelas guelas, e metade a rastos, metade por seu , seguiu com elle atordoado e alagado em sangue o rasto dos companheiros.

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