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Elle, o mestre; elle, o poeta da arte; elle, o sabio; elle, a intelligencia, que com mais felicidade e facilidade tem sabido assoalhar as abundantes e abençoadas sementes, que por ahi estavam por celleiros classicos a apodrecer na humidade e no abandono; elle, a mais esplendida e luxuriosa fórma que tem vestido lettras portuguezas; elle, o privilegiado do genio; elle, o que devia em fogo inextinguivel de amor e honestidade alimentar os primeiros attributos da divindade, que allumiam o destino de cada homem, e de cada sociedade; elle, que devia, e como poucos podia, bafejar todas as vocações; acompanhar com respeito, com veneração, com dulcidão d'alma, com candor de coração, toda a eschola nascente, toda a ideia nova e original, ao menos nesta terra; toda a utopia, amiga do bom, do util, do social; todo o esforço dos limpos de coração, para tornar a humanidade mais ideia, menos argilla; mais absoluto, menos relativo; mais bem, menos miseria; mais virtude, menos abjecção; mais amor, menos calculo; mais elevação moral, menos torpeza; mais religião, menos descrença; mais perdão, menos vindicta; mais caridade, menos odio; elle, que devia esmagar nos abysmos do coração, com a mão firme da vontade, os seus resentimentos particulares, e as reclamações exaggeradas da aspiração da gloria; domar pela sagacidade o que em todo o homem existe de fera humana, cicatrisar pela braza viva do seu talento de fogo a ferida do seu peccado original, enfrear o sentimento da paixão individual, pela superior consideração dos interesses sociaes de qualquer ordem; este homem, que devia comprehender que todos os da sua esphera hoje não podem nascer, sem perigo de damnação social, para se consumirem no sentimento mesquinho do egoismo e interesse proprios, senão sim para allumiarem, como o sol, que não cuida de si, do nascimento ao occaso um hemispherio da sociedade, do occaso ao nascimento os antipodas do progresso; elle, Castilho, falsifica ignominiosamente a sua missão no seio da eschola liberal, cada dia um abraço angustioso na ambição, que o domina, attrela-se ao carro da inveja insidiosa, julga ainda pequenas as lettras de luz do seu nome, que ninguem póde apagar-lhe nas memorias do porvir, e chafurda-se como a serpente do Eden na tremedal da hypocrisia astuta, offerecendo com palavras ensopadas em ambrosia e nectar o pomo enganador aos Evangelistas da Divina palavra, que hão-de levar com os seus o nome do Verbo aos quatro cantos do universo e ás christandades por-vir.

Que San-Thiago, o bom apostolo das Hespanhas, seja comnosco, murmurou o homem do leme, ao apagar-lhe uma maré a luzinha da bitácula. Que o bom Jesus dos mareantes nos ampare n'esta tribulação, Ave Maria! A tempestade recrudescia surda á voz do pobre homem de quarto, que não sabia o rumo que levava. Pouco depois, as ondas envolveram-n'o no seu marulho, e o sorveram no pelago insondavel.

Mas, antes de reler-se o que elle disse, veja-se o que escreveu o editor de Helena, romance posthumo e incompleto do author de Fr. Luiz de Sousa: «Acabava o anno de 1854; ás primeiras cerrações do outomno inclinára mortalmente a fronte o snr. visconde de Almeida-Garrett, sentindo no coração os aggravos da doença que, dentro em pouco e para sempre, havia de apagar-lhe a luz dos olhos.