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Da mais injusta ambição Traz testemunhos fieis; Possues grossos thezoiros, E citas-me por dez reis? Quem do doce Anacreonte Bebeo o estilo divino, Quer prostituir seus olhos Co'as Trovas do Tolentino? Pago, em fim, divida louca; Mas quem quer pontualidade, Cuide tambem em pagar As dividas da Amizade;

Conto o que aconteceu. E, sem mais preambulos, ahi vae. Eram dois velhinhos, seccos e rosados, alegres e gaiatos, muito amigos, socios na patuscada, sempre de mãos dadas, como dois banqueiros do amor, nos sindicatos do prazer. Ambos casados, os marotos, mas azevieiros como Anacreonte.

Troca-se mais portuguez de lei, mais riqueza de vocábulos, phraseado, e construcção, n'uma seroada de inverno, ou n'um palrar de sésta de segadores entre carvalheiras rusticas, ao estridor das cigarras amadas de Anacreonte, do que entre o ranger dos prelos e o resfolegar das balas, n'um anno inteiro da melhor typographia de Lisboa.

Ultimo Cavalleiro, á hora em que morria, No Pantheon Real, da lampada que ardia Extinguiu-se de todo o ultimo clarão... A D. Thomás de Mello Breyner Não repares na cor dos meus cabellos Sem ler primeiro Anacreonte; Verás que os sonhos juvenis, mais bellos, Tambem se evolam d'enrugada fronte.

A distancia que vae de Ambrosio a Anacreonte mede-se pela que vae do tamanco transmontano á sandalia grega, das cêpas tortas d'Amarante aos vinhaes racimosos de Chios, das faldas agrestes do Marão ás formosas marinhas da Jonia, provincia das violetas.

Quando alçando a tôrva fronte Jantava Quintiliano A' meza de Anacreonte; Quando nos brilhantes copos Do casto, herdado Gorizos, Hião mergulhar as azas Os Prazeres com os Rizos; Quando em renhidas disputas Mettias traidora mão, Sendo o motivo da guerra Solapada mangação. E sem haver lindos olhos, Sem haver ondadas tranças, Doidos com doidos tecião Turbulentas contradanças.

Ahi se annunciam primores, quanto ao modo como a obra é escripta, e se de suspeito o snr. visconde quanto á substancia, ao contexto da idéa. «Creei-me semi-pagão entre pagãos millenarios do melhor engenho, sociedade minha ainda hoje», diz o grande poeta, em quem reviveram as almas de Anacreonte e Ovidio.

Com a alampada trémula na mão, erguendo-a, abaixando-a, ora de longe, ora de perto, a rodeava, scismando, palpitando, sorrindo, figurando-se-lhe vêl-a corresponder com a expressão do aspecto ás blandicias com que elle, mais poeta que Anacreonte, a affagava. ¡Oh! ¡que não daria elle por ter a lyra de Orpheu e de Amphião, cujos sons escutados pelas pedras as animavam!

Envelhece o homem mas sobrevive o poeta. O seu temperamento tem prevalecido o mesmo e se tornaram em sazonados pomos de abundante outomno as flôres odorosas da septuagesima primavera. A sua alma conserva-se tranquilla, cheia de luz como o céo da Grecia, sob o qual poetou o seu Anacreonte, perfumada como os pomares tiburtinos do seu Horacio.

Pouquissimos e esporadicos são os poetas no termo genuino de «deturpadores da realidade». Os que ainda rimam deteriorando a verdade experimental com embustes methaphysicos são uns atavismos que fazem lembrar, na sociedade actual, as aberraçoens genesicas que remontam o homem á torpeza selvagem da Australia e á civilisação refinada da Roma de Juvenal, e da Grecia de Anacreonte.

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