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Assi se desafião estes rudos Poetas, nos officios discrepantes; Nos engenhos porém subtis e agudos. Eis ja mil companheiros circumstantes Estavão para ouvir, e apparelhavão Ao vencedor os premios semelhantes. As bem sonantes lyras se tocavão; Agrario começava, e da harmonia Os pescadores todos s'admiravão; E dest'arte Alicuto respondia.

ALICUTO. Se alguem , se alguem ouve o sibilante Furor lançando flammas e bramidos, Quando as pasmosas serras traz diante, Horrido aos olhos, horrido aos ouvidos: A braços derribando o ja nutante Mundo, co'os elementos destruidos: Assi me representa a phantasia A desesperação de ver hum dia.

ALICUTO. As conchinhas da praia, que presentão A côr das nuvens, quando nasce o dia; O canto das Sirenas, que adormentão; A tinta, que no Murice se cria; O navegar por ondas, que se assentão Co'o brando bafo, com que o sol s'enfria, Não podem, Nympha minha, assi aprazer-me, Como o ver-te, se em tanto chego a ver-me. Quem diz, que não são estes os formosos?

ALICUTO. Vós humidas deidades deste pégo, Tritões ceruleos, Próteo, com Palemo; Vós, Nereidas do sal em que navego, Por quem do vento as furias pouco temo; Se ás vossas sacras aras nunca nego O congro nadador na do remo, Não consintais, que a musica marinha Vencida seja aqui na lyra minha.

Nasceo no pégo a deosa, que he senhora Do amoroso prazer, que sempre tarda. Se foi bezerro o deos, que se adora, Tambem ja foi delfim. Se se resguarda, Vê-se que os moços pescadores erão, Que o escuro enigma ao primo Vate derão. ALICUTO. Para quem trago d'ágoa em vaso cavo Os curvos camarões vivos saltando? Para quem as conchinhas ruivas cavo Na praia, os brancos buzios apanhando?

AGRARIO. Pastor se fez hum tempo o moço louro, Que do sol as carretas move e guia; Ouvio o rio Amphriso a lyra d'ouro, Que o seu claro inventor alli tangia. Io foi vacca; Jupiter foi touro: Mansas ovelhas junto d'ágoa fria Guardou formoso Adonis; e tornado Em bezerro Neptuno foi ja achado. ALICUTO. Pescador ja foi Glauco, e deos agora He do mar; e Protêo Phocas guarda.

Mas Alicuto, vendo-se estorvado Por hum pastor da musica divina, O rosto levantou bem socegado, E disse assi: Vaqueiro da campina, Que vens buscar ás arenosas praias, Onde a bella Amphitrite domina? Que razão ha, pastor, para que saias A este nosso escamoso e vil terreno Dos teus floridos myrtos e altas faias?

Quebrando então o fio de seu gôsto, E o fio não quebrando de seu pranto, Por não se descuidar de seu cuidado, Levou para os curraes o manso gado. AGRARIO, Pastor. ALICUTO, Pescador.

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