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Em dor vai convertido o soffrimento, Em pena convertida a piedade; A razão tão vencida da vontade, Qu'escravo faz do mal o entendimento. A lingua não alcança o qu'a alma sente. E assi, se alguem quizer em algum'hora Saber que cousa he dor não comprehendida, Parta-se do seu bem, porque exprimente Qu'antes de se partir, melhor lhe fôra Partir-se do viver para ter vida.

Se ahi no mundo houvesse Ouvires-me algum'hora, Assentados na praia deste rio; E d'arte te dissesse O mal que passo agora, Que pudesse mover-te o peito frio!.. Oh quanto desvario, Qu'estou imaginando! Ja agora meu tormento Não póde pedir mais ao pensamento, Qu'este phantasiar, donde penando A vida me reserva. Querer mais de meu mal será soberba.

Tornada em puro marmore não fôra A fera Anaxarete, se amoroso Mostrára o rosto angelico algum'hora. AGRARIO. Tudo farei, Almeno, e mais faria Por algum dia ver-te descansado, Se s'acabão trabalhos algum dia. Mas bem vês como Phebo ja empinado Me manda que da calma iniqua e crua, Recolha em algum valle o manso gado.

Quem pudéra julgar de vós, Senhora, Que huma tal pudesse assi perder-vos? Se por amar-vos chego a aborrecer-vos, Deixar não posso o amar-vos algum'hora. Deixais a quem vos ama, ou vos adora, Por ver a quem quiçá não sabe ver-vos? Mas eu sou quem não soube merecer-vos, E esta minha ignorancia entendo agora.

Se nisso contradiz vossa vontade, Mandai-lhe vós, Senhora, que fim Á minha profundissima tristeza. Pois ella não mo , porque piedade Tenha deste meu mal, mas porque em mim Possais assi fartar vossa crueza. Se algum'hora essa vista mais suave Acaso a mi volveis, em hum momento Me sinto com hum tal contentamento, Que não temo que damno algum me aggrave.

Oh Silvana cruel! porque consente Esse peito formoso e delicado Que s'esqueça hum tão aspero tormento? Tal aborrecimento Merece hum capital teu inimigo: Não eu, que comtigo Estou contente, e nada mais desejo, Se algum'hora te vejo. Tu es hum meu bem, huma gloria, Que nunca se m'aparta da memoria.

Qualquer trabalho me fôra Por vós grão contentamento: Nada sentira, Senhora, Se víra disto algum'hora Em vós hum conhecimento. Por mal que o mal me tratasse, Tudo por bem tomaria; Postoque o corpo cansasse, A alma descansaria, Se para vós trabalhasse. Quem vossas cruezas ja Soffreo, a tudo se poz; Costumado ficará; E muito melhor será, Se trabalhar para vós.

Dizia: Oh claras Nymphas! se o sentido Em puro amor tivestes, e inda agora Da memoria o não tendes esquecido; Se por ventura fordes algum'hora Adonde entra o grão Tejo a dar tributo A Tethys, que vós tendes por Senhora; Ou ja por ver o verde prado enxuto, Ou ja por colher ouro rutilante, Das Tagicas areias rico fruto;

De quantos serviços faço Nenhum pagar me quereis? Pagar-vos-hão algum'hora, Que isso a mi tambem me toca; Mas agora hi-vos embora. Essas mãos beijo, Senhora, Em quanto não posso a boca. Solina que traz a almofada, e Dionysa. Ja Vossa Mercê dirá Qu'estive muito tardando. Bem vos detivestes . Bofé que estava cuidando Em não sei que. Que será? Aqui somos. Que rosnais vós , Senhora?

Perca-se, em fim, ja tudo o qu'esperei, Pois n'outro amor ja tendes esperança. Tão patente será vossa mudança, Quanto eu encobri sempre o que vos dei. Dei-vos a alma, a vida e o sentido; De tudo o qu'em mi ha vos fiz senhora. Prometteis, e negais o mesmo Amor. Agora tal estou, que de perdido, Não sei por onde vou, mas algum'hora Vos dará tal lembrança grande dor.

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