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E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceo, Se suspira, Se delira, He por motivo seu. Quando levo á clara fonte O rebanho do meu gado, Cáhe-me da mão o cajado, E com ella á testa vou: Fico pasmado, e ignoro O lugar aonde estou. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceo, Se suspira, Se delira, He por motivo seu.

Os valles que se enternecem Chamão-te ao longe tambem. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceo, Se suspira, Se delira, He por motivo seu. Quando escuto o triste mocho A gemer no meu telhado, Qualquer mal excogitado Não me deve algum temor: receio que me agoure Máo successo ao meu amor.

Posso emendar a ventura Ganhando astuto a riqueza; Mas, ah! charo Alceo, quem póde Ganhar huma belleza Das bellezas, que Marilia No seu thesouro metêo? Bens, que valem sobre a terra, E que tem valor no Ceo. Da sorte, que vive o rico Entre o fausto alegremente, Vive o guardador de gado Apoucado, Mas contente.

As glorias, que vem tarde, vem frias; E póde em fim mudar-se a nossa estrella. Ah! não, minha Marilia, Aproveite-se o tempo, antes que faça O estrago de roubar ao corpo as forças, E ao semblante a graça. A minha bella Marilia Tem de seu hum bom thesouro, Não he, doce Alceo, formado Do buscado Metal louro.

E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceo Se suspira, Se delira, He por motivo seu. Os pastores que me avistão Com o dedo me apontão, E á roda do fogo contão Da maneira que me vem. Sou o exemplo dos amantes Que esta nossa Aldêa tem. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceo, Se suspira, Se delira, He por motivo seu.

Ah! quando Alceo pondéra Que o seu Glauceste suspira, Perde, perde o soffrimento, E qual enfermo delira! Tenha embora brancas faces, Meigos olhos, fios de ouro, A tua Eulina não vale, Não vale immenso thesouro. O fuzil, que imita a cobra, Tambem aos olhos he bello; Mas quando alumêa, Tu tremes de velo. Que importa se mostre chêa De mil bellezas a ingrata?

São estes os prados, Aonde brincava, Em quanto pastava O manso rebanho, Que Alceo me deixou? São estes os sitios? São estes; mas eu O mesmo não sou. Marilia, tu chamas? Espera que eu vou. Daquelle penhasco Hum rio cahia, Ao som do sussurro Que vezes dormia! Agora não cobrem Espumas nevadas As pedras quebradas: Parece que o rio O curso voltou. São estes os sitios? São estes; mas eu O mesmo não sou.

Quando te ris por acaso Para outro qualquer sugeito, Estala dentro do peito De ciume o coração: Se me pões os olhos julgo Que zombas de mim então. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceo, Se suspira, Se delira, He por motivo seu. Quando ha brinco na floresta, E a divina Olaia canta, O mesmo gado levanta A cabeça para ouvir. por mais que Alceo forceje Não póde o prazer fingir.

Quando alguem meu mal pergunta, Bem que seja a vez primeira, Rompo ainda que não queira O segredo sem saber. O teu nome, Elvira, digo, Quando devo o seu dizer. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceo, Se suspira, Se delira, He por motivo seu. Fujo ao trato dos pastores, Para hum bosque me retiro; Com desafogo suspiro, E chamo por ti meu bem.

E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceo, Se suspira, Se delira, He por motivo seu. Quando me deito no colmo, Sempre sonho que te vejo, Que te fallo, e que te beijo A branca nevada mão. Acórdo, Pastora, e foges: Eu fico mais triste então. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceo, Se suspira, Se delira, He por motivo seu.