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E em Santarem Albojaque Rei de Sevilha, e apoz esto, Almiramolim Emperador, que se dizia antre os Mouros Rei de Marrocos, que trazia treze Reis Mouros comsigo, com novecentos mil homens, como dito é, não contando outros vencimentos grandes, que houve de Lugares, e Fortalezas, que tomou a Mouros, muitas, e mui grandes, e fortes: primeiramente na Estremadura, Santarem, Lisboa, e todas outras Fortalezas della, desde Lisboa até Coimbra, em Alentejo, tomou Cezimbra, Palmela, Alcacer, Evora, Elvas, Cerpa, Moura, Beja, e outras Fortalezas muitas, mui fortes, e grandes.

antes desto, em seu lugar contamos como El-Rei D. Affonso Anriques foi por si com grande cuidado, e devação, buscar o Corpo de S. Vicente, e não o pôde achar havendo vinte e seis annos que a Cidade de Lisboa era em poder de Christãos, tomada a Mouros, fez El-Rei Albojaque tregoas, com El-Rei D. Affonso Anriques por cinco annos, as quaes foram feitas quatro dias do mez de Maio era do Senhor de mil cento e setenta e trez annos, então, certos homens de Lisboa, com grande devação, vendo que podiam ir seguros áquelle lugar onde o Corpo de Vicente jazia, fizeram prestes uma barca, com todo o que lhes fazia mister, e foram-se sem nhum impedimento, nem deficuldade, chegaram, e desembarcaram no mesmo lugar, onde postos em oração, mui devotamente a Deos pediam que lhes mostrasse onde jazia o Corpo daquelle glorioso Martyr; a poz esto começaram a cavar, e aprouve a N. Senhor que o acharam, e dando-lhe muitas graças e louvores, o tomaram com muito prazer, e devação, e puzeram-no dentro na barca, e logo Deos alli mostrou por elle um grande milagre, que um dos que iam na barca, em desenterrando aquelle santo Corpo, furtou um dos ossos, e tanto que o tomou, cegou logo de todo, pelo qual cortado de medo, e arrependimento tornou a poello donde o tomara, e neste ponto lhe foi restituida toda sua vista, e foi são como dantes, e tambem se deve atribuir aos grandes merecimentos deste Santo Martyr, que sendo sempre o mar alli alevantado, e perigoso, e reçafa muito grande, foi visto tão chão e manço fóra do acostumado ao embarcar do seu Corpo, como se fôra em qualquer outro lugar, onde nunca houvesse, nem podesse fazer ondas, e assi tornaram com muito prazer a salvamento.

Depois que os cinco annos das tregoas que El-Rei D. Affonso fez com El-Rei Albojaque, como acima dissemos, foram acabados, que foi na era do Senhor de mil cento e setenta e oito annos, estando El-Rei D. Affonso Anriques em Coimbra, vendo que em toda sua terra era guerra cessada sem ter receo, salvo dantre Tejo, e Odiana, que pelo acabamento da tregoa cumpria ser bem defeza, e guardada, e que álem desto seria cousa honroza, se com a defenção della, se assás se ganharem mais alguns Lugares a Mouros, chamou seu filho o Ifante D. Sancho, e perante alguns do seu Concelho lhe disse assi: «Filho tu sabes bem quanto trabalho tenho passado na guerra com os Mouros, e pela tregoa que tinha com El-Rei Albojaque ser acabada, hei por certo que os Mouros, não estarão quedos, e guerrearão esses Lugares que delles ganhei em Alentejo, donde recebem, e esperam de receber muito dano, e me foi falado e requerido que entendesse na defensão delles, pelo qual eu cuidando como se esto milhor podia fazer de quantas cousas me vieram por sentido me pareceo, e parece milhor que tudo, que eu te mande em pessoa, e esto por duas rezões, a primeira, porque sabes que está meu cazo de não poder cavalgar em besta por não ir ás Cortes del-Rei D. Fernando, o que eu não fora por cousa que no mundo houvesse, que fazendo traria a ti, e a mim grande perda, e a todos os do Reino de Portugal; a segunda porque prazendo ao Senhor Deos depois de meus dias, tu hás de ter o carrego de reger, e defender este Reino, e pois te deu Deos entender, e corpo, e manhas para o poderes fazer, é bem que agora commeces, e o faças

Vinham com Almiramolim, El-Rei Albojaque de Sevilha, e El-Rei Albozady, e El-Rei de Grada, e El-Rei de Fês, e outros Reis Mouros, que por todos eram treze, cujos nomes se não acham escritos, e vieram pelas partes Dalentejo a entrar na Estremadura, passando o Tejo um Domingo, dia de S. João Bautista, sete dias por andar de Junho, era do Senhor de mil e cento e oitenta e quatro annos; os Mouros logo em esse dia foram sobre o Castello de Torres Novas, e destruiram-no, e á Segunda feira vieram poer seu arraial em um lugar que se chama o monte de Pompeo, e á Terça feira se ajuntáram todos na Redinha, e á Quarta feira, se vieram a Orta lagoa, e alli sentáram seu raial, e esta conta da entrada, e jornadas de Almiramolim se escreve assi na Coronica, como quer que um letreiro dos que estão no Convento de Thomar, desvaire algum tanto, e diz que foi Almiramolim cercar o Castello de Thomar o primeiro dia de Julho, e o teve cercado seis dias, e que trazia comsigo quatrocentos mil de cavallo, quinhentos mil de , poderia passado o Tejo de tanta multidão apartar-se muita gente, poer este cerco, e fazer outras corridas pela terra, e chegar elle a esto, e deixa-lo posto.