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Tudo n'ella o seduzia e lhe convinha: a sua collaboração n'uma Revista consideravel, de setenta paginas, em companhia de Escriptores doutos, lentes das Escolas, antigos Ministros, até Conselheiros d'Estado: a antiguidade da sua raça, mais antiga que o Reino, popularisada por uma historia d'heroica belleza, em que com tanto fulgor resaltavam a bravura e a soberba d'alma dos Ramires; e emfim a seriedade academica do seu espirito, o seu nobre gosto pelas investigações eruditas, apparecendo no momento em que tentava a carreira do Parlamento e da Politica!... E o trabalho, a composição moral dos vetustos Ramires, a resurreição archeologica do viver Affonsino, as cem tiras de almaço a atulhar de prosa forte não o assustavam... Não! porque felizmente possuia a «sua obra» e cortada em bom panno, alinhavada com linha habil.

Até esse supplicio do Bastardo lhe deixára uma aversão por aquelle remoto mundo Affonsino, tão bestial, tão deshumano!

Emfim o ensino da jurisprudencia, trazido de Italia por João das Regras, produziu uma multidão de jurisperitos, a quem depois Portugal deveu grande parte da legislação, excellente para aquelle tempo, que se encontra no codigo affonsino. Que resta de tantos homens e coisas? Esse codigo, que serviu de base aos que o substituiram.

E Gonçalo, coçando a testa com a rama da penna, rebuscava ainda outros veridicos brados, de bravo som Affonsino quando a porta da livraria abriu cautellosamente, atravez d'aquelle perro rangido que o desesperava. Era o Bento, em mangas de camisa: O Snr. Dr. não poderia descer baixo á cozinha? Gonçalo embasbacou para o Bento, pestanejando, sem comprehender: Á cozinha?...

Sentiu então o appetite de recolher sem demora os louvores merecidos e de mostrar a Gracinha e ao Padre Sueiro os tres Capitulos completos antes de remetter o manuscripto para os *Annaes*. E mesmo lhe convinha porque a erudição archeologica do Padre Sueiro forneceria talvez algum traço novo, bem Affonsino, que mais avivasse aquella resurreição da Honra de Santa-Ireneia e dos seus senhores formidaveis.

Nos primeiros tempos da monarchia, em quasi todo o periodo affonsino, os artistas e os obreiros eram em geral arabes ou mouros. O portuguez era como os seus reis, soldado ou agricultor. Para as especulações estheticas faltava-lhe a paz, a tranquillidade, a riqueza.

A primeira lei, que nos lembre fosse promulgada em Portugal contra os feiticeiros é uma de D. João I, do anno de 1403, em que se diz o seguinte: «Não seja nenhum tão ousado, que por buscar ouro ou prata, ou outro haver, lance varas, nem faça circo, nem veja em espelho ou em outras partesEsta lei foi confirmada no codigo affonsino, d'onde em substancia passou para os que se lhe seguiram.

Mas, sobrevivente ás outras mais altivas, comprehendida nas construcções do Paço formoso que se erguera d'entre o sombrio Castello Affonsino, e que dominava Santa Ireneia durante a dynastia d'Aviz, ligada ainda por claras arcarias d'um terraço ao Palacio de gosto italiano, em que Vicente Ramires converteu o Paço manuelino depois da sua campanha de Castella: isolada no pomar, mas sobranceando o casarão que lentamente se edificára depois do incendio do Palacio em tempo d'El-Rei D. José, e a derradeira certamente onde retiniram armas e circularam os homens do Terço dos Ramires ella ligava as edades e como que mantinha, nas suas pedras eternas, a unidade da longa linhagem.

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