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Á vista destas simples e claras reflexões, o texto de Abdel-halim citado pelo digno academico vale tanto e prova tanto como o de Hamed-el-Nabil. Eu, porém, acceito-o por um momento. Vamos a discuti-lo em si. Que diz o tal texto? Onde se fala aqui em Ourique?

O famoso texto do viajante marroquino é reforçado com um contraforte tirado do Abdel-halim do uso particular do auctor do opusculo; digo do uso particular, porque nem em Conde, nem em Moura se encontra semelhante passagem, nem no logar indicado, nem em outro qualquer. No capitulo 33 do Karttás traduzido pelo padre Moura não vem esta passagem.

Depois, como accommodar os factos, que o auctor do opusculo acceita do seu Abdel-halim particular em demonstração da grandeza da batalha, com o que nos diz a chronica dos godos e com o resultado daquella jornada? Que digo eu, seis mil! Segundo o commentario do digno academico eram muitos mais.

Entretanto não devo crer que o auctor do opusculo a inventásse. Cumpre suppôr que elle se serviu de algum exemplar mutilado, viciado, ou extremamente incorrecto da obra de Abdel-halim. Na versão de Moura é no capitulo 40 que se contém as ultimas acções do Tachfin na Hespanha, antes de partir para a Africa. As duas passagens são, se não identicas, por certo parallelas.

Se Ismar não significa Tachfin como Attibbat significa Ourique, segue-se que ou mentem as chronicas coevas, ou mente o Abdel-halim particular, que diz ter sido o general dos sarracenos o proprio Tachfin, ou a passagem citada não se refere ao successo de Ourique. Daqui parece-me que não ha fugir. A ultima explicação é sem duvida a verdadeira.

Algum de nós, pois, engana o publico; algum de nós commette uma acção indigna de homens de letras affirmando uma cousa opposta á verdade. Eu consultei os historiadores arabes que escreveram a historia do dominio mussulmano na Peninsula, e que estão traduzidos. Era essa unicamente a minha obrigação, porque não sei arabe. O auctor do opusculo devia tê-los visto antes de escrever, e podia ter lido outros, porque diz que sabe arabe. Se a minha narrativa fosse conforme com os primeiros comparados com os monumentos christãos, e o auctor achasse que esses não-traduzidos os desmentiam, devia provar que o seu testimunho era preferivel ao delles e ao dos monumentos christãos, sendo accordes uns com outros. Sem isso nada tinha feito. Ora eu estribei-me na narrativa de Abdel-halim, como a haviam vertido Moura e Conde, e esta narrativa concorda em geral com a chronica latina de Affonso VII, escripta ainda no seculo XII ou nos começos do XIII. Das tres fontes historicas resulta ou não resulta o que eu disse? Resulta ou não resulta, que antes de julho de 1139 Tachfin-Ibn-Aly tinha partido para Africa, levando comsigo as tropas que pôde, sem exceptuar os mosarabes e os captivos christãos?

Não o diz Abdel-halim; di-lo toda a gente; mas que tem o que fizeram os ommiadas com o que fizeram os almoravides? Isto, meu amigo, é incrivel! Ouçamos agora o sr. Gayangos: «Não consta da historia diz elle que Iussuf-Ibn-Tachfin ou algum dos seus successores tomasse nunca o titulo de Amiru-l-muminin, que era reservado para o khalifa, ou vigario do propheta no oriente.

O auctor do opusculo negou, com a mesma sem cerimonia com que transtornou a serie dos imperadores, que o Mahadi ou Al-mohdi (Mohammed-Ibn-Tiumarta) começasse a revolução almohade no reinado de Aly, e que nos ultimos annos deste reinado, isto é, na epocha da batalha ou recontro de Ourique, essa revolução houvesse tomado um incremento irresistivel. Todavia são os mesmos escriptores arabes que contam o successo como eu o narrei: conta-o o proprio Abdel-halim, em que elle finge estribar-se com uma citação falsa; falsa, digo, porque tanta confusão involuntaria é moralmente impossivel. A narrativa de Abdel-halim é, que em 1120 appareceu o Mahadi; que de 1122 a 1125 se achava com forças para vir assentar campo perto de Marrocos; que, tendo fallecido em 1130, tomou o commando dos almohades Abdel-mumen, o qual foi acclamado imperador em 1133, continuando guerra incessante contra os almoravides até os destruir .

Digo mais: era impossivel haver quem fizesse d'estas, se não houvesse academias. Chamei aos principes almoravides dynastia lamtunense, ou lamtunita, porque todos os historiadores arabes, Ibn-Khaldun, Abdel-halim, Al-Makkari, Al-Khatib, Al-Keiruani, lh'o chamam, e chamam-lh'o para indicar valentia ou covardia tanto como eu.

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