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Antes de transcrever a carta que o Chiado escreveu a um seu amigo de Coimbra, preciso esclarecer o leitor sobre o assumpto que a inspirou e o momento em que foi escripta. O mallogrado principe D. João, filho de D. João III, desposou sua prima a linda princeza D. Joanna de Castella, que veiu a ser mãe de D. Sebastião o Desejado. A princeza entrou em Portugal no fim de novembro de 1553 .

Quasi immediatamente surgiu uma serie de cataclysmos que veiu matar o poeta logo tambem pera todas as cousas de seu gosto e antigos exercicios. A deploravel catastrophe de Ceuta, em 1553, em que pereceu a flôr da cavallaria portugueza, custou-lhe a preciosa vida de seu filho primogenito Gonçalo Mendes, ambição risonha de seu futuro, enlevo de sua alma, carinho de seu coração amantissimo.

O golpe, segundo parece, era a segurar; mas não deu resultados perigosos para o ferido. Camões foi preso; e, ao terminar um anno de carcere, solicitou perdão de Gonçalo Borges que, voluntario ou coagido por empenhos, lhe perdoou, visto que não tinha aleijão nem deformidade. A Carta de perdão, produzida pelo snr. visconde de Juromenha, é datada em 7 de março de 1553, e está integralmente copiada .

Mas a comparação, para não ser um dislate d'orgulho, era de certo um gracejo de Luiz de Camões. Que lhe devia a patria em 1553? Elle tinha 30 annos; escrevera poemas lyricos excellentes, apenas louvados na roda dos palacianos e dos menos cultos. Ferreira e de Miranda parece que não o conheciam.

Francisco de Andrade diz que foi em 1552; Pedro de Mariz que foi em 1554. Mas a carta de Chiado, que merece por ser um documento da epoca, fixa o anno de 1553.

No anno de 1550 se alistou, como dissemos, para sahir na mesma nao, em que ia o Viso-Rei Dom Affonso de Noronha: mas esta nao, pelo mao estado em que ia, depois de sahir, arribou ao porto de Lisboa para se concertar, e o poeta, se acaso estava a seu bordo, tornou a desembarcar; e ou por falta de saude, ou por outro impedimento se deixou ficar em terra; e não veio a sahir para o seu destino, senão dous annos depois, no de 1553, como consta de outro assento do ja citado livro de Registo, tambem achado por Faria e Sousa: e foi na mesma nao, em que ia Fernão Alvares Cabral, capitão mor de quatro, que então sahírão do Tejo, das quaes esta pôde chegar no mesmo anno a Goa, depois de haver soffrido grandes tormentas.

Por uma das mais somnolentas e placidas noites dos fins de outubro de 1553, no desvão de esguia janella do palacio dos nossos reis estava casual ou intencionalmente encoberto pelas dobras de soberba cortina de rendas de Flandres um personagem vestido com gibão de veludo preto.

O badage pediu um tinteiro e sobre meia folha de papel escreveu com letra maiscula o seguinte bilhete: «Dona Catharina de Austria, rainha de Portugal, entregará ao portador a quantia de mil ducados em ouro ou prata. Do cárcere da inquisição do Rocio, aos 29 de desembro de 1553. Pedro, o pagemToma, disse depois ao homunculo. Este bilhete vale bem o teu dinheiro. Ficas satisfeito?

Pedro de Mariz e a serie de biographos mais antigos testificam que Simão Vaz, tendo naufragado em terra firme de Gôa, a custo se salvára e morrera depois n'esta cidade. Ora, em 1552, a nau Zambuco varou no rio de Seitapor, a trinta leguas de Gôa, salvando-se a tripolação. Seria essa a nau em que Simão Vaz de Camões ia novamente no engodo da fortuna esquiva? Se era, em março de 1553, quando Camões sahiu do carcere, a morte de seu pai não podia ainda saber-se em Lisboa.

Não partiu, porém, n'essa occasião, mas sim tres annos depois, a 24 de março de 1553, na armada que levava por capitão-mór Fernão Alvares Cabral.

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